Resumo
O traumatismo crânio encefálico(TCE) é qualquer lesão decorrente de um trauma externo, que tenha como consequência alterações anatômicas do crânio, como fratura ou laceração do couro cabeludo, bem como o comprometimento funcional das meninges, encéfalo ou seus vasos, resultando em alterações cerebrais, momentâneas ou permanentes, de natureza cognitiva ou funcional.
Estudos mostram que apesar do tamanho do impacto do TCE, evidências científicas fortes para embasar diretrizes e recomendações de tratamento ainda são escassas, com ensaios clínicos falhando em mostrar real eficácia de tratamento, apesar de resultados promissores com relação ao TCE, mas não a epilepsia pós-traumática(EPT).
A EPT é uma complicação neurológica que ocorre em até 20% dos pacientes, com o risco aumentando de acordo com a severidade do TCE, intervenção cirúrgica, intervalo de tempo desde o TCE. As crises convulsivas precoces podem ser causadas por efeitos agudos do trauma, como hemorragias e edema cerebral.
Considerando a morbidade associada a EPT, seu impacto na qualidade de vida dos pacientes e de seus familiares, as consequências para a sociedade e para o sistema de saúde, bem como os custos associados ao seu tratamento, é fundamental avaliar, por meio de um ensaio clínico randomizado bem desenhado e bem conduzido, os benefícios e riscos de uma intervenção para preveni-la.
O projeto foi proposto pelo Hospital Sírio-Libanês, apresentado e aprovado pelo Ministério da Saúde. Será coordenado pelo hospital Sírio Libanês individualmente.
O estudo propõe o uso de biperideno logo após o TCE com objetivo de prevenir a EPT e ainda, fazer acompanhamento desses pacientes ao longo de dois anos. Temos o objetivo de avaliar os efeitos clínicos, a segurança e a custo-efetividade do uso de biperideno para prevenção de EPT em pacientes com TCE e hemorragia intraparenquimatosa confirmada em hospitais do Sistema Único de Saúde por meio de um ensaio clínico randomizado.
Será aplicada a medicação nas primeiras 12 horas da admissão, seguido por 10 dias consecutivos de tratamento e realizado acompanhamento em: 1, 3, 6, 9, 12,18 e 24 meses.
Comprovadas a efetividade e a segurança da intervenção, a avaliação de sua custo-efetividade torna-se fundamental para sua implementação na prática clínica e para sua incorporação no âmbito do Sistema Único de Saúde.
Introdução
Definido como alteração da função cerebral ou evidência de patologia cerebral causada por uma força externa, o traumatismo cranioencefálico (TCE) é responsável por 1% de todas as mortes em adultos no mundo o que corresponde a 50 milhões de pessoas ao redor do mundo todo ano, sendo a principal causa de mortalidade e comorbidade em todos os países, inclusive no Brasil.
Outra complicação possível é a ocorrência de epilepsia pós-traumática (EPT) sendo que a sua ocorrência pode afetar o prognóstico de pacientes com TCE. A EPT é uma complicação neurológica que ocorre em até 20% dos pacientes, com o risco aumentando de acordo com a severidade do TCE, intervenção cirúrgica, intervalo de tempo desde o TCE.
Não existem medicamentos neuroprotetores com indicação de evitar que os processos epileptogênicos se estabeleçam após um dano cerebral, seja ele traumático, isquêmico, ou de outra natureza. Buscando resolver esta lacuna, estudos com modelos animais identificaram que medicamentos que alteram os processos de plasticidade neuronal tem o potencial de modificar o curso natural da EPT.
Em estudos experimentais utilizando modelos de epilepsia, o biperideno, um anticolinérgico de uso clínico para Parkinson, mostrou ter ação na plasticidade neuronal, reduzindo a incidência e a intensidade de crises epilépticas espontâneas e retardando o aparecimento das mesmas.
Estes achados, somados à escassa literatura sobre o efeito do biperideno na prevenção de EPT após TCE ressaltam que o biperideno poderia ser um potencial opção terapêutica no cuidado de pacientes com TCE, considerando sua ação antiepileptogênica provável.
O presente projeto proposto tem foco na eficácia clínica e segurança e tem como desfechos primários avaliar os pacientes que desenvolverem EPT e/ ou eventos adversos graves no período entre 7 dias e 24 meses após TCE.
Métodos
O estudo é um ensaio clínico randomizado multicêntrico, duplo-cego, controlado por placebo, classificado como estudo clínico de fase 3, com uso de métodos apropriados para manter todos os envolvidos no estudo (participantes, equipe responsável pela administração da intervenção, avaliadores dos desfechos e estatísticos) sem conhecimento do grupo de alocação de cada participante.
Pacientes atendidos no pronto-socorro dos centros participantes com TCE agudo moderado a grave e com contusão e/ou hemorragia intraparenquimatosa (diagnosticados por CT ou RM de crânio), de 18 a 65, ambos os sexos, escala de coma de Glasgow maior do 6 anos e sem os critérios de exclusão serão randomizados para dentro de um período de 12 horas após o TCE receber ou placedo ou biperideno.
Os participantes do grupo biperideno receberão a dose de 5 mg de biperideno, por via intravenosa, a cada 6 horas, durante 10 dias consecutivos. Os participantes do grupo placebo receberão soro fisiológico 0,9%, por via intravenosa, repetido a cada 6 horas durante 10 dias consecutivos. O biperideno e o placebo apresentarão igual aspecto físico (cor, odor, forma) e serão embalados em frascos idênticos, assim como serão os frascos de soro fisiológico utilizados para diluição.
Os participantes serão randomizados por uma central de randomização, que será o centro coordenador (HSL), para receber uma das duas intervenções: biperideno ou placebo. A randomização será realizada por meio de um programa online de randomização.
A tabela de randomização será mantida em sigilo completo pela central de randomização. O registro desta medicação será somente acessado pela equipe de métodos do centro coordenador da pesquisa (HSL), os quais não terão acesso aos participantes do estudo.
O tratamento convencional de suporte para manejo do TCE recebido pelos participantes seguirá o protocolo do hospital participante.
Após a fase aguda, os participantes serão avaliados em 1, 3, 6, 9, 12, e 18 meses após a inclusão no estudo.
Resultados
Equipe
Hospital Moinhos de Vento
Sheila Cristina Ouriques Martins,Hospital Moinhos de Vento, http://lattes.cnpq.br/7101717955870394
Brunna de Bem Jaeger Teló, Hospital Moinhos de Vento, http://lattes.cnpq.br/3175353718353604
Luciana Hentzy Moraes
Olivia Lucena de Medeiros
Thais Coutinho de Oliveira
Coordenação Geral de Prevenção de Doenças Crônicas e Controle do Tabagismo (CGCTAB)
Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS)
Departamento de Promoção da Saúde (DEPROS)
Hospital Sírio-Libanês
http://lattes.cnpq.br/4462750801249231
Camila Dietrich
http://lattes.cnpq.br/0890990421476353
Flávia Regina Bueno
http://lattes.cnpq.br/2270896682146645
Ana Cecilia Alcantara Silva
http://lattes.cnpq.br/2076638555393017
Rachel Riera
http://lattes.cnpq.br/0591884301805680
Vania Bezerra - Superintendente de Responsabilidade Social
Luiz Fernando Lima Reis - Patrocinadorhttp://lattes.cnpq.br/8296739883987900
Eliana Garzon - Investigador Principal
http://lattes.cnpq.br/5216705221454512
Renata Rodrigues de Mattos - Gerente de projetos
https://www.linkedin.com/in/renata-rmattos/
Hospital Alemão Oswaldo Cruz
Dr. Adriano Jose Pereira - HIAE
Dr Alexandre Biasi - HCor
Dr. Leonardo Lima Rocha - HAOC
Dr. Luciano Cesar Pontes de Azevedo - HSL
Dr. Maicon Falavigna - HMV
Ana Cristina Lagoeiro Patrocinio da Cruz - HIAE
Andréa de Carvalho -HIAE
Bruna Sampaio -HCor
Camila Dietrich - HMV
Carolinne Ferreira Abrahão - HAOC
Daniel Sganzerla - HMV
Débora Vacaro Fogazzi - HMV
Dr Fernando Zampieri - HCor
Dr Thiago Lisboa - HCor
Dr. Antonio Paulo Nassar Junior - HIAE
Dr. Bruno Martins Tomazini - HSL
Dr. Filipe Teixeira Piastrelli - HAOC
Dr. Gregory Saraiva Medeiros - HMV
Dra. Daniela Ghidetti Mangas Catarino - HAOC
Flavia Regina Bueno - HSL
Franca Pellison Baldassare - HSL
Isabella Jesuino - HCor
Jacqueline Silva - HCor
Karina Negrelli - HCor
Maysa Yukari Cheno - HAOC
Dra. Ana Paula Pinho - HAOC
Dra. Bernadete Weber - HCor
Dr. Guilherme Schettino - HIAE
Dr. Luciano Hammes - HMV
Dra. Vania Bezerra- HSL
GGTES/ANVISA
Hcor
Prevent Señior
Universidade Federal de Rio de Janeiro
Universidade Federal de São Paulo
Einstein Hospital Israelita
Julia Valerio Santa Rosa – Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP
Lauro Augusto Veloso Costa – Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP
Renata Albaladejo Morbeck – Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP
Tarso Augusto Duenhas AccorsI – Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP
Dr. Eduardo Cordioli – Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP
Telessaúde RS-UFRGS
Secretaria de Atenção à Saúde - SAS
