Resumo

O "Estudo de custos e desfechos clínicos de pacientes internados em um hospital municipal da cidade de São Paulo” tem como objetivo consolidar indicadores de custos, desfechos clínicos, condições de alta hospitalar e qualidade assistencial de diferentes pacientes internados em um hospital municipal, principalmente nas áreas materno-infantil, transplantes e oncologia. À despeito do crescimento dos custos associados aos cuidados com a saúde nos últimos anos, passando de R$ 80 bilhões em 2002 para R$160 bilhões em 2011, produz resultado insuficiente no que tange ao tratamento de saúde ofertado aos 150 milhões de pessoas que dependem do serviço no Brasil. A longevidade da população e a tecnologia contribuem para o aumento de custo. Além disso, a metodologia utilizada para aferição de custos, em geral, não apura o ciclo completo de tratamento, apenas a especialidade ou o departamento envolvido, o que muitas vezes não representa o custo real de cada paciente. A pesquisa visa gerar dados sobre os custos de saúde, utilizando o Hospital Municipal da Vila Santa Catarina (HMVSC) como referência, com a expectativa de levantar discussões para um melhor financiamento do sistema como um todo. Reunirá informações sobre custos, desfechos clínicos, condições de alta hospitalar e qualidade assistencial de diferentes pacientes para avaliar a eficiência da unidade hospitalar. O estudo possibilitará o compartilhamento com o estado brasileiro de dados inéditos para um melhor gerenciamento no custeio do sistema de saúde. A pesquisa analisa os atendimentos realizados no HMVSC, em São Paulo, localizado em uma das regiões mais carentes de atendimento médico hospitalar da cidade, com indicadores que denotam a precariedade das condições de vida da população e dos serviços de saúde. Os atendimentos abrangem prioritariamente as regiões sul e sudeste da cidade, além de pacientes do programa de transplante, originários de todas as regiões do país. A metodologia utilizada no estudo para aferição dos desfechos clínicos inclui informações gerais, no momento da admissão do paciente, como documentos pessoais, sexo, idade, motivo da admissão e, principalmente específicos, de acordo com a área demandada: materno-infantil, transplante de órgãos sólidos e oncologia. Além disso, registra informações de alta-hospitalar, como a condição clínica do paciente, data da alta, além de desfecho após a internação, como datas de reinternações, utilizando o sistema All Patient DRGs (AP-DRG) – que abrange e quantifica (através de scores específicos) três diferentes dimensões de uma determinada patologia, todos com grande importância em pesquisa e/ou no gerenciamento de custos. Estão envolvidos no projeto os pacientes assistidos no HMVSC, a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo (SMS-SP), a Secretaria de Atenção à Saúde vinculada ao Ministério da Saúde (SAS-MS) e o Hospital Israelita Albert Einstein.


Introdução

Os custos associados aos cuidados de saúde crescem em países desenvolvidos atingindo, por exemplo, nos Estados Unidos, a 17% do PIB. No Brasil, o percentual chega a 9%, sendo que os gastos públicos representam 4,5%. Gastos estes que foram triplicados nos últimos dez anos, em valores nominais, e que dobraram em termos reais, passando de 80 bilhões em 2002 para 160 bilhões em 2011. Embora o montante seja expressivo, não parece ter sido suficiente para garantir um eficiente tratamento para 150 milhões de pessoas que dependem desses serviços no Brasil (50 milhões utilizam o sistema suplementar de saúde). Do total de 190 milhões de brasileiros, em média76% são dependentes dos serviços públicos de saúde, no entanto apenas 46% das despesas em saúde são responsabilidade do setor público. O resultado é um gasto público per capita em saúde muito inferior ao privado, como demonstra os dados da Organização Mundial da Saúde.

Embora nos países em desenvolvimento, como o Brasil, o percentual do PIB investido em saúde não alcance cifras americanas, este valor proporcional vem crescendo nas últimas décadas. A maior longevidade da população e as incorporações tecnológicas têm sido os motores deste crescimento de custos. No entanto, há alguns incentivos que contribuem para esse crescimento incluindo, mas não restrito a, reembolsos por fontes pagadoras por procedimento realizado e não pelo desfecho alcançado.

Gestão de custos no sistema público visa definir os processos e a alocação de recursos de forma que a qualidade seja privilegiada, construindo padrões de referência que possibilitem de um lado, o uso mais eficiente dos recursos disponíveis para a Saúde e, de outro, remuneração mais apropriada das ações e serviços públicos de saúde. Por fim, a geração de dados sobre custos nesta área fomentará as discussões sobre o financiamento do sistema.


Métodos

Trata-se de estudo de coorte retrospectivo através do qual todos os pacientes internados no Hospital Santa Marina entre 01 de janeiro de 2015 a 31 de dezembro de 2017 serão avaliados. O estudo deverá ter a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Israelita Albert Einstein. Foi autorizada prorrogação de 12 meses (ano de 2018), com caráter assistencial, visando permitir uma transição de gestão do PROADI para o governo municipal, com o menor impacto possível para a população assistida. Foram coletados, ao longo de todo o período, de forma automatizada, dados demográficos, clínicos, complicações, DRG e custos hospitalares.  A metodologia de custeio por absorção foi utilizada.  


Resultados

No ano de 2018, foram atendidos e incluídos no  projeto de “Custo e Desfecho” 21.576 pacientes. Sendo contabilizadas 88.942 aberturas de passagens pelo hospital, essas contemplam todas as buscas do paciente ao hospital para realização de exames, consultas ambulatoriais, atendimento de pronto socorro obstétrico, internação para procedimentos, internação por intercorrência clínica, quimioterapia, radioterapia, procedimentos ambulatoriais. Observa-se que o perfil clínico dos pacientes tem influência no número de retornos ao hospital variando de 3 passagens por paciente nas áreas de Maternidade e Clínica Médica Cirúrgica à 14 passagens por paciente na área de Oncologia.

A prorrogação para o ano de 2018 garantiu o atendimento à população (da mesma forma que aquele realizado nos anos anteriores, dentro do triênio 2015-2017, conforme descrito acima) e o BI (Business Intelligenc) de custos e desfechos continuou sendo alimentado com todos os dados planejados originalmente (conforme também demonstrado na seção VII, através das análises de custos e desfechos demonstradas e das novas análises - IRAS), permanendo à disposição Ministério da Saúde. O detalhamento dos resultados do triênio que se encerrou em 31/12/2017 (projeto de pesquisa) foram apresentados em relatório específico.


Equipe

  • Hospital Israelita Albert Einstein

    Liderança

    Eliézer Silva - Sociedade Beneficiente Israelita Brasileira Albert Einstein, São Paulo, SP   Guilherme Schettino - Sociedade Beneficiente Israelita Brasileira Albert Einstein, São Paulo, SP   Fabiana Rolla-Sociedade Beneficiente Israelita Brasileira Albert Einstein, São Paulo, SP


    Equipe

    Adriano José Pereira - Sociedade Beneficiente Israelita Brasileira Albert Einstein, São Paulo, SP - Lattes Artur Martins Codeço -  Sociedade Beneficiente Israelita Brasileira Albert Einstein, São Paulo, SP - Linkedin


    Colaboração

    Daniela Zanarelli - Sociedade Beneficiente Israelita Brasileira Albert Einstein, São Paulo, SP Thamara Trujillo - Sociedade Beneficiente Israelita Brasileira Albert Einstein, São Paulo, SP Daniel Tavares Malheiros (Economia da Saúde) Antônio Valadares - Sociedade Beneficiente Israelita Brasileira Albert Einstein, São Paulo, SP Rogério Silva - Sociedade Beneficiente Israelita Brasileira Albert Einstein, São Paulo, SP Miguel Pereira Alencar - Sociedade Beneficiente Israelita Brasileira Albert Einstein, São Paulo, SP Staff contratado para atuação na assistência aos pacientes internados no HMVSC, no período.


    Área Técnica

    Secretaria de Atenção à Saúde (SAS)

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