Segundo dados preliminares do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos -SINASC, houve em 2020 mais de 380 mil filhos de mães adolescentes (até 19 anos)1 – faixa etária considerada de alto risco para as gestantes, fetos e recém-nascidos2. A ocorrência desses casos impacta diretamente no agravamento de problemáticas sociais, biológicas e psicológicas nas mães, sendo a gravidez na adolescência um grande desafio não só à saúde pública, mas a sociedade como um todo.
Para auxiliar a criação de políticas públicas e contribuir com a prevenção dos casos de gravidez precoce, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), o Hospital Moinhos de Vento, em parceria com o Ministério da Saúde, inicia o estudo Adolescentes Mães (oficialmente nomeado “Vulnerabilidades da Gestação Precoce no Brasil: impacto na mãe adolescente e na criança”) responsável por analisar mais de 500 casos de adolescentes mães em cinco capitais do Brasil.
A pesquisa tem como intuito avaliar o perfil e o impacto biopsicossocial na vida das adolescentes mães (10 a 20 anos incompletos) com enfoque nos casos de ansiedade e depressão em comparação a mães adultas (20 a 30 incompletos). Além de analisar o impacto econômico de uma gravidez precoce. O projeto será responsável, também, por desenvolver ações educacionais utilizando vídeos, podcasts e cartilhas informativas para a população.
“O foco da pesquisa é avaliar o impacto da gestação na vida da adolescente e na do seu filho. Vamos avaliar também o impacto econômico da gestação mais precoce buscando testar a hipótese de que a gravidez entre 20 e 29 anos tem menos custos para o SUS. Os resultados serão valiosos para a saúde, uma vez que permitirão um melhor entendimento desta população e servirão de base à qualificação de políticas públicas vigentes, bem como promoção de iniciativas, já que a gravidez precoce é uma questão altamente complexa com um impacto em toda a sociedade”, afirma o Dr. Tiago Chagas Dalcin, médico líder da pesquisa.
O caráter multidisciplinar e educativo que orienta o projeto é essencial para a prevenção dos casos:
“Há uma estreita relação entre a educação e gravidez precoce no Brasil. Os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) demonstram a maior frequência de gravidez em adolescentes de 15 a 19 anos sem escolarização do que naquelas com 9 a 11 anos de estudo e, por esse motivo, o trabalho educacional e instrutivo é necessário para a conscientização e, consequentemente, para a redução da taxa de natalidade por pais adolescentes no país. Acreditamos que os resultados deste projeto irão reforçar que a gestação a partir dos 20 anos é mais saudável para a mãe, para o bebê e para a saúde financeira do SUS”, salienta Dr. Tiago.
Inicialmente, as cidades de Porto Alegre, São Luís, Manaus, Rio de Janeiro e Campo Grande receberão a pesquisa conforme pactuado com o Ministério da Saúde. O programa também irá oferecer capacitação aos profissionais da Atenção Primária à Saúde do país inteiro, com o auxílio de 20 horas de aulas oferecidas na modalidade de educação a distância (EAD) e materiais informativos desenvolvidos por especialistas do Hospital Moinhos de Vento.
O Dr. Tiago Chagas Dalcin foi convidado para participar da Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, promovida pelo @Ministério da Saúde, onde teve a oportunidade de apresentar o projeto, no mesmo evento houve o lançamento da nova Caderneta do/da Adolescente. O evento foi gravado e, para conferir na íntegra, acesse o canal do Youtube do DataSUS.
Referências: