Projeto de Transplantes do PROADI-SUS é destaque em revistas científicas internacionais

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O projeto de Transplantes do Hospital Israelita Albert Einstein, executado via Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS),foi destaque internacional por dois anos consecutivos:


Ambos os estudos tratam do acompanhamento de pacientes que passaram por transplantes renais, e doadores de órgãos no SUS.


Apoio aos receptores de órgãos

O primeiro estudo avalia as causas de morte e falha do enxerto entre os que receberam transplante renal. Trata-se de um estudo que compara registros de pacientes submetidos ao transplante renal no passado, período entre 2002 e 2015. No total, 944 pacientes foram analisados. 

Graças a este monitoramento detalhado, foi possível identificar falhas de enxerto e a necessidade de diálise, melhorando assim a qualidade do diagnóstico clínico para que os devidos cuidados fossem instituídos para preservar a saúde do paciente. Cada paciente foi monitorado durante meses após a execução do transplante, com retornos frequentes com a equipe médica responsável. 

O estudo foi capaz de identificar a causa da morte em mais de 90% dos pacientes. A taxa de mortalidade bruta dos pacientes foi de 10,8% e dentre esses, em 35,3% dos casos, foi infecção, em 30,4% doenças cardiovasculares e em 15,7% neoplasia. Já em 6,8%, a causa não foi identificada. 

Conclusão

Esta análise mostrou que as causas da perda do enxerto e a morte não são muito diferentes de outros dados disponíveis na literatura internacional. Além disso, este é o primeiro estudo brasileiro a identificar desfechos de pacientes transplantados com falha no enxerto.

Esta informação é da máxima importância para as autoridades de saúde pública envolvidas no planejamento de terapias renais substitutas, dado o aumento do número de pacientes que retornam à diálise após a falha do enxerto renal. 

Acompanhamento aos doadores

O estudo publicado em 2020, no Transplantation Proceedings, objetiva avaliar os principais desfechos médicos em doadores de órgãos vivos e mensurar a adesão a consultas médicas regulares. A abordagem estruturada verifica os retornos de doadores de órgãos para consultas clínicas no longo prazo, incluindo 397 doadores, monitorados e incentivados a comparecer ativamente pelo hospital. A metodologia de adesão aos retornos compara dados de doadores que realizaram a cirurgia entre 2002 e 2014. A avaliação considerou o recorte até 2017, garantindo que cada doador tivesse, no mínimo, três anos de acompanhamento.

Os dados coletados como o grau de familiaridade do doador com o receptor, idade, diagnósticos de pressão arterial, dislipidemia e relato de tabagismo, risco para diabetes, dentre outros, foram retirados do próprio banco de dados do hospital. De maneira pioneira, o estudo estabelece parâmetros de comparação entre a saúde do doador e receptor, avaliando se os benefícios de ambas as partes são equilibrados. Essa avaliação criteriosa visa minimizar eventos adversos relacionados ao processo da doação, mensurando os riscos aos doadores.   

O sentimento de altruísmo foi identificado como o fator que afasta os doadores de comparecerem às consultas anuais. Até 2009, o retorno dos doadores era menor que 40%, e após a implementação do projeto, esse número praticamente dobrou. Esse aumento foi motivado pelo contato por telefone, realizado pelo hospital, e mesmo assim 25% dos doadores não seguiram as orientações da equipe do projeto. 

Conclusão

O estudo avaliou os desfechos a longo prazo, como a sobrevida e desenvolvimento de doença renal crônica em doadores de rim, Também foram estudadas as incidências de hipertensão, diabetes mellitus e dislipidemia após a doação, ambas comparadas com a população brasileira em geral. E ainda, constatou-se que a mortalidade bruta dos doadores é de 1%, e a sobrevida em 10 anos de 98,5%.  

Por fim, a adesão dos doadores às consultas clínicas anuais subiu de 40% para 75,8% (54,7% deles apresentando regularidade anual). As incidências cumulativas de hipertensão, diabetes mellitus e dislipidemia em 10 anos foram de 20,4%, 5,7% e 23,5%, respectivamente.

Esses resultados levam em consideração a população brasileira, que varia muito entre aspectos sociais, econômicos e particularidades demográficas quando comparadas com a população de outros países. Portanto, ao monitorar e incentivar o retorno desses doadores às consultas periódicas, o estudo também estabelece um parâmetro de comparação que deve ser adaptado à realidade brasileira. 

Os resultados de ambos os estudos devem auxiliar a realização, acompanhamento e incentivo aos transplantes renais no Brasil, assegurando maior qualidade de vida aos doadores e receptores no Sistema Único de Saúde. 



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