O projeto visa capacitar médicos para a realização de transplantes de órgãos e tecidos, bem como das equipes multiprofissionais na aplicação das melhores práticas na assistência desde a admissão do paciente, até o acompanhamento pós-transplante, para sua reinserção à sociedade, seja qual for o tipo de disfunção orgânica em tratamento. O propósito do projeto também é viabilizar o atendimento a pacientes candidatos a transplante, desde a avaliação pré-transplante até o seguimento tardio após transplante. Também é o centro de referência para casos mais complexos que por necessitarem de recursos tecnológicos ou de equipes capacitadas para situações específicas, podem ser rejeitados por determinados centros transplantadores. O projeto desenvolve adicionalmente cursos de capacitação médica no diagnóstico da morte encefálica, no intuito de reduzir a subnotificação desta condição e aumentar o número de potenciais doadores de órgãos que estejam nesta condição. Além da necessidade de desenvolvimento das equipes do Sistema Único de Saúde (SUS), a iniciativa visa ao atendimento de pacientes mais complexos para a realização de transplantes de intestino, multivisceral e hipersensibilizados, à espera de transplante renal, assim como pacientes na fase pré ou pós-transplante que apresentam outras patologias, como o hepatopata, o cardiopata e o pneumopata. Além disso, existe grande heterogeneidade entre os estados brasileiros em relação à existência de centros transplantadores e resultados em doações de órgãos. Este projeto trabalha com cursos e tutorias para capacitar profissionais e centros transplantadores, reduzindo as diferenças regionais. Outra importante ação é a implantação de programas de transplantes, fomentando a realização de estudos como o de custo-desfecho em parceria com a Coordenação do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), gerando, em última análise, o aprimoramento da gestão em transplantes no Brasil. As aulas presenciais são realizadas por equipe de médicos e enfermeiros. A carga horária é de oito horas, sendo quatro voltadas à discussão de casos clínicos, duas teóricas e duas de aplicação prática. Os cursos são realizados em todos os estados brasileiros. As tutorias de centros transplantadores ocorrem com visitas das equipes transplantadoras aos centros tutorados e estágios de profissionais médicos e de equipe multiprofissional nas dependências do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE) e Hospital Municipal Vila Santa Catarina (HMVSC), além do acompanhamento presencial dos primeiros transplantes e discussões de casos através de telemedicina e videoconferências. Desde 2002 o Programa de Transplantes do HIAE realizou 3.771 transplantes de órgãos sólidos, sendo 97% (3.496) para pacientes do SUS, com resultados de sobrevida semelhantes aos dos melhores Centros Transplantadores Internacionais.
Este projeto atua em todas as frentes relacionadas à realização de transplantes de órgãos sólidos e treinamento de profissionais envolvidos nesses processos, que são:
· Diagnóstico de morte encefálica e doação de órgãos
· Avaliação de candidatos a transplantes
· Realização de transplantes (rim, fígado, coração, pulmão e multivisceral)
· Cuidados e seguimento de pacientes transplantados
· Gestão de um programa integrado de transplantes
O Brasil possui mais de 30.000 pacientes que aguardam por transplantes de órgãos e no trimestre de 2019, registrou uma queda na taxa de doadores, agravada pelo menor aproveitamento dos órgãos doados, a identificação e abertura de protocolo de morte encefálica. Além disso, apresenta grande discrepância entre transplantes realizados e necessidades populacionais.
Vemos ainda grande heterogeneidade entre os diversos estados tanto em relação ao número de doadores e realização de transplantes, fazendo com que muitos pacientes tenham que migrar de seus estados de origem em busca do tratamento, o que acarreta em prejuízos sociais e financeiros para os pacientes, estados e municípios. Como são graves, muitos pacientes acabam falecendo sem a oportunidade de serem avaliados por um centro transplantador, dadas as dificuldades logísticas em sair de seu estado de origem. Dessa forma, há necessidade de capacitar profissionais do SUS da identificação e cuidado a doadores de órgão e de criar mais centros transplantadores em diversas regiões do país. O projeto tem por objetivo realizar transplantes de órgãos sólidos, de todas as modalidades e complexidades, para servir de base para capacitação de recursos humanos do SUS para atuarem em centros transplantadores do país e através do Curso Capacitação de Médicos para Determinação de Morte Encefálica segundo a Resolução CFM 2173 - 15/12/17 visa habilitar médicos com mínimo de um ano de experiência no atendimento de pacientes em coma seguindo as normas da Resolução.
Avaliação de candidatos a transplante de órgãos (rim, fígado, coração, pulmão e multivisceral) e inclusão em lista de espera. Cuidado de pacientes em lista de espera até a realização do transplante. Realização de transplantes, incluindo pacientes de alta complexidade que necessitam de modalidades de transplante que não são realizados em nenhuma instituição do SUS, como transplante renal em pacientes hipersensibilizados e ABO incompatíveis; hepatopatas muito graves (MELD >30) ou com carcinoma hepatocelular que necessitam de tratamento do tumor para poderem transplantar; cardiopatas muito graves, que necessitam de dispositivos de assistência circulatória como ponte para transplante; pneumopatas muito graves que necessitam de transplante combinado coração-pulmões ou ECMO como ponte para transplante ou pós-transplante. Cuidado aos pacientes transplantados.
O Curso Capacitação de Médicos para Determinação de Morte Encefálica segundo a Resolução CFM 2173 - 15/12/17 iniciou em setembro de 2018, carga horária de 8 horas, (2hs-Teoria e 4hs-Discussão de casos clínicos, 2hs-Simulação). Modalidade é presencial, realizado em hospitais ou escolas de saúde pública, indicados pelas Centrais Estaduais de Transplantes do país. Vagas 32. Turmas :100. Público-Alvo: médicos com mínimo de um ano de experiência no atendimento de pacientes em coma. Temas teóricos : Legislação Brasileira no Processo de Doação e Transplante; Diagnóstico de Morte Encefálica segundo a Resolução CFM 2173 - 15/12/17; Comunicação de Más Notícias. Temas de Casos clínicos e Estação Prática permeiam por situações reais protocolo de morte encefálica.
O Projeto de Tutoria é realizado em 6 hospitais em Estados que não realizam transplantes, sendo em 3 centros (Figado, Rim, Pulmão). Possui: Conteúdo Teórico, Visita Técnica e Acompanhamento de Transplantes no Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), Acompanhamento da equipe de transplante no HIAE. Público-alvo: cirurgiões, clínicos e multiprofissionais.
De 2018 até março de 2020 tivemos um total de 412 pacientes foram transplantados, sendo 196 pacientes transplantados de fígado, 4 multivisceral,146 de rim, 40 de coração, 24 pulmão e 2 pulmão-coração. Curso Capacitação de Médicos para Determinação de Morte Encefálica segundo a Resolução CFM 2173 - 15/12/17 obteve de 2018 até março de 2020 - 1515 profissionais capacitados, 52 turmas, 416 horas de ensino teórico e prático. O curso oferece suporte remoto para esclarecimentos de dúvidas via e-mail ou telefone disponibilizado no material divulgado do curso até 2020. Tutoria em Transplante de Figado desde 2018 até o momento realiza a capacitação e gestão da equipe médica e multiprofissional no Centro Transplantador no Estado do Pará Transplante de Rim no Estado do Mato Grosso do Sul e Sergipe. Transplante de Pulmão no Rio de Janeiro.
José Eduardo Afonso Júnior - Hospital Israelita Abert Einstein, São Paulo, SP – Lattes