De acordo com dados da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO) e do Registro Brasileiro de Transplantes, em 2023, o Brasil tinha cerca de 57 mil pacientes aguardando na lista de espera por um órgão sólido como rim, fígado, coração e pulmão e apenas 7% deles passaram pelo transplante. Isso revela discrepância entre a oferta e a demanda de órgãos no país, resultando em longos períodos de espera, maior risco de doenças e mortalidade.
Um dos motivos para esse cenário é a dificuldade em encontrar órgãos viáveis para serem transplantados, o que ressalta a necessidade de ter profissionais capacitados atuando em todas as etapas do processo de captação, doação e transplante de órgãos e tecidos no país.
Assim, o projeto Capacitação em Doação e Transplantes atua para qualificar equipes multiprofissionais em atendimento à demanda do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), visando oferecer treinamentos que aprimorem as práticas dos médicos e técnicos de saúde que atuam nas várias etapas deste processo.
O aumento das taxas de recusa familiar e contraindicações médicas, como a presença de doenças infecciosas, câncer generalizado ou doença que trouxe degeneração dos órgãos, são dois desafios a serem enfrentados para que a doação ocorra. Há, ainda, a heterogeneidade em relação aos índices de doação: enquanto estados como Paraná e Santa Catarina, localizados no Sul, apresentavam índices extremamente satisfatórios, alguns sequer tiveram doadores em 2023 e/ou apresentam desempenho abaixo do esperado.
Outros problemas referem-se à subnotificação da morte encefálica, falta de comprometimento de algumas direções hospitalares em formar comissões intra-hospitalares responsáveis por cuidar de doação de órgãos e tecidos para transplantes e a escassez de profissionais capacitados para lidar com o processo de doação, o que inclui a manutenção de potenciais doares e ações que envolvem diretamente a doação (acolhimento e entrevista familiar, gestão em doação de órgãos).
O projeto propõe enfrentar esses desafios capacitando, melhorando as taxas de notificação e convertendo potenciais doadores, o que colaborará para reduzir a heterogeneidade dos índices de doação que existe nos diferentes estados. Como resultado, o Sistema Único de Saúde (SUS) terá equipes médicas e multiprofissionais prontas para atuar de forma eficaz no processo de doação e transplante de órgãos em todo o território nacional.
No triênio, serão realizados três cursos de qualificação e especialização de profissionais que atuam em setores de Emergência, Urgência e Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). São eles:
Os alunos terão acesso à Plataforma Ensino PROADI Einstein antes e depois do módulo presencial. Por meio deste ambiente virtual, serão realizadas reuniões, oficinas e todas as demais atividades previstas para a obtenção do certificado.
Para o aprendizado, serão utilizados videoaulas gravadas, apostila digital, e-book, exercícios e formulários de avaliação. Todos os conteúdos serão desenvolvidos pela equipe do projeto.
Para os módulos presenciais, o Hospital Israelita Albert Einstein disponibilizará salas com toda a estrutura necessária para o aprendizado dos alunos, incluindo estações para a prática dos exames de eletroencefalograma, no caso do curso Diagnóstico de Morte Encefálica.
Os resultados esperados incluem o mapeamento da rede de referência para pacientes transplantados, o desenvolvimento de um plano de apoio aos pacientes e profissionais de saúde, a manutenção e criopreservação de unidades de cordão umbilical (Rede BrasilCord), e a capacitação técnica em transplante de fígado em Belém-PA. Espera-se a melhoria do manejo clínico de pacientes transplantados, a otimização da alocação de recursos para o armazenamento de SCUP, e a avaliação de até 25 centros transplantadores para aprimorar a cadeia de transplantes no Brasil.