As desigualdades regionais, tanto do ponto de vista macroeconômico quanto sociocultural, e a concentração de programas de transplantes em polos de desenvolvimento dificultam o acesso equitativo dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) aos tratamentos de alta complexidade. Assim, em continuidade ao trabalho iniciado no triênio 2021-2023, o Projeto TRANSPLANTAR busca melhorar a assistência integral na alta complexidade em reabilitação intestinal pediátrica, na terapia substitutiva em pacientes cardiopatas adultos, nos transplantes de fígado pediátrico e de intestino/multivisceral pediátrico, aos usuários do SUS.
Para o atual triênio, estão previstas ações como: acompanhamento dos pacientes, receptores e doadores, nas fases pré-transplante/implante; a realização dos transplantes/implantes e acompanhamento póstransplante/implante em todas as modalidades ofertadas, bem como, a assistência para reabilitação intestinal, hospitalar, domiciliar e ambulatorial.
O projeto está alinhado à Política Nacional de Transplantes de Órgãos e Tecidos e Política Nacional de Atenção Especializada, colaborando para a meta de ampliar a oferta de serviços especializados e reduzir as desigualdades regionais, conforme as diretrizes do Plano Nacional de Saúde e do Ministério da Saúde.
De acordo com o Registro Brasileiro de Transplantes, da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (RBT/ABTO), em 2022, 316 crianças foram colocadas na lista de espera para transplante de fígado, e 32 morreram esperando. Apenas oito unidades federativas incluíram crianças na lista, sendo São Paulo (SP) responsável pela maioria dos casos (73%). Nessa trajetória, o Hospital Sírio-Libanês teve um papel crucial, realizando 21% dos transplantes de fígado pediátricos no país em 2021 e 2022. A demanda cresce, mas a oferta de doadores é insuficiente, especialmente para crianças abaixo de dois anos, cuja mortalidade na lista de espera é alta.
A falência intestinal, que afeta principalmente crianças, requer tratamentos caros e complexos. A nutrição parenteral (NP) é a primeira linha de tratamento, mas pode levar a complicações graves e custos elevados. O transplante intestinal/multivisceral, embora ainda desafiador, tem mostrado melhorias significativas na sobrevida dos pacientes. Nesse sentido, o Projeto TRANSPLANTAR busca suprir estas necessidades, utilizando a expertise e infraestrutura do Grupo de Transplante Hepático do Sírio-Libanês para atender mais de 400 crianças mensalmente. A manutenção deste projeto não só beneficiará diretamente os pacientes pediátricos, mas também otimizará os recursos públicos, implantando tecnologias avançadas de transplante no Brasil e proporcionando uma alternativa de tratamento viável para pacientes com falência intestinal.
A insuficiência cardíaca (IC) é uma questão de saúde pública crítica, com elevada morbimortalidade, e o Brasil registrou 207.376 internações causada pela doença em 2022. Pacientes com IC avançada têm mortalidade superior a 50% em um ano, reforçando a importância de tratamentos como transplante cardíaco e dispositivos de assistência ventricular. Como tratamento, a terapia substitutiva em cardiologia inclui procedimentos como implantes de dispositivos de assistência circulatória mecânica e transplantes cardíacos. Mas ainda existe uma lacuna a ser preenchida, quando se trata da oferta deste serviço. No Brasil, há 43 equipes que realizam transplantes de coração em 13 Unidades Federativas. Em 2022, 432 pacientes foram incluídos na lista de espera para este procedimento, mas 105 faleceram aguardando-o.
O Projeto Transplantar visa alinhar-se às necessidades do país, fortalecendo o SUS ao prestar assistência de excelência a esses pacientes.
Durante o triênio 2024-2026, o projeto tem como metas:
Além das atividades assistenciais, o Projeto TRANSPLANTAR inclui planejamento e monitoramento contínuo, com foco na gestão de cronogramas, custos, recursos humanos e aquisições. Reuniões trimestrais e mensais serão realizadas para acompanhar o progresso físico-financeiro e resolver possíveis problemas. Também está prevista a análise de viabilidade para incorporar novas modalidades de transplantes, aproveitando a expertise do Hospital Sírio-Libanês. Se viável, um plano de implementação será elaborado e submetido ao Ministério da Saúde.
Neste triênio o projeto já realizou: