Muitos países convivem atualmente com desafios relacionados à oferta e distribuição de médicos pelos seus territórios. O Brasil, historicamente, enfrenta um problema crônico de acesso à saúde. No estudo Demografia Médica no Brasil 2018 [1] é relatado que na década de 80 havia 1,15 médicos para cada mil habitantes do país. Em janeiro de 2018, o Brasil contava com 452.801 médicos, o que correspondia à razão de 2,18 médicos por mil habitantes. No entanto, o aumento desta taxa não foi, necessariamente, refletido em ampliação do acesso aos cuidados de saúde para a população brasileira, tendo em vista a imensa desigualdade de distribuição de médicos entre as diferentes regiões do país.
Entre os estados, as diferenças são mais acentuadas. Cinco deles, incluindo o Distrito Federal, têm mais de dois especialistas para cada generalista, sendo eles Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Espírito Santo e Paraná, com São Paulo logo abaixo, com razão de 1,90. Em todos esses estados, mais de 65% dos médicos são especialistas. Na outra ponta estão Tocantins e Roraima, com mais generalistas que especialistas.
A telemedicina é a prestação de serviços em saúde usando tecnologias de informação e de comunicação, nos casos em que a distância é um fator crítico, para o intercâmbio de informações válidas para diagnóstico, prevenção e tratamento de doenças, além de educação permanente dos profissionais envolvidos, pesquisas e avaliações. Trata-se de uma tecnologia alinhada aos princípios de equidade, universalidade e igualdade, tão claros no Sistema Único de Saúde (SUS), ao promover a transferência de conhecimentos de um centro de excelência para qualquer instituição com menores recursos. Esta tecnologia amplia e qualifica a assistência com melhoria do atendimento à população, especialmente em um país de dimensões continentais, como o Brasil.
Desta forma, este projeto encontra-se alinhado com os objetivos do PlanificaSUS, com o qual espera-se auxiliar na mudança da cultura das organizações de saúde, englobando a segurança do paciente e a implantação de melhorias, fortalecendo o papel da Atenção Primária à Saúde e contribuindo para a organização da Rede de Atenção à Saúde no SUS. A Planificação da Atenção à Saúde reúne um conjunto de ações educacionais, baseadas em metodologias ativas, sendo desenvolvidas a partir de oficinas voltadas à criação de competências, habilidades e atitudes necessárias para a organização e qualificação dos processos assistenciais.
O projeto busca melhorar a qualidade da assistência, reduzir os tempos de espera, melhorar a satisfação do usuário, reduzir o número de transferências desnecessárias de pacientes e, consequentemente, aprimorar a alocação de recursos para melhorar a saúde geral da população.
Neste programa, quando o médico da UBS participante encaminha um paciente a uma das especialidades mencionadas anteriormente, é agendada uma teleinterconsulta com o especialista do Einstein. Em conjunto com médico local e paciente, ele fornece as informações relevantes para a condução do caso, baseadas em protocolos clínicos validados internacionalmente, adaptados para considerar a realidade dos recursos disponíveis no local.
Esse processo cria um ciclo virtuoso, em que o médico generalista obtém uma resposta direta e interativa, podendo tirar suas dúvidas e, com o tempo, passar a lidar com casos semelhantes de forma autônoma. Isso torna a atenção primária mais eficiente e resolutiva, com cada vez menos encaminhamentos inadequados e maior empoderamento da equipe de saúde local. Evita-se ainda os altos custos de deslocamento para tratamento fora do domicílio, que afetam fortemente as prefeituras locais, já carentes de recursos.
O projeto aprovado pelo Ministério da Saúde em 2020, viabilizou a implantação e manutenção de 120 (cento e vinte) pontos para atendimento das especialidades médicas supracitadas por telemedicina para Unidades Básicas de Saúde (UBS) e/ou Casas de saúde indígena em municípios da região Norte do Brasil. Após mais de 2 anos do início da implantação do projeto na Região Norte do Brasil foi demandada ampliação do projeto para a região Centro-Oeste.
A seleção das localidades tanto da região Norte quanto Centro-Oeste foram direcionadas pelos dados demográficos dos municípios, limitação da disponibilidade do número de médicos especialistas, distância de centros médicos com acesso aos especialistas, conforme definido pelas Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde e pela Secretaria Executiva do Ministério da Saúde. Para os pontos extras destas regiões, solicitamos a indicação das Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde em consenso com o interesse e necessidade da localidade, frente a demanda de atendimento e dificuldade de atendimento dos especialistas na localidade.
Desta forma, e com o aumento do interesse de outras localidades para adesão a este modelo de atendimento, identificamos a necessidade de incrementar a oferta de horários médicos para 266.951, bem como avaliar o histórico dos atendimentos realizados com o intuito de entender se havia oportunidade de redução de desfechos de retorno (“efeito velcro”) para otimizar as agendas e redução do “no show”. Desta forma, visamos garantir a sustentabilidade do projeto e garantir ainda mais acesso a assistência especializada à população das localidades contempladas e aderentes.
A implantação do atendimento de tele especialidades em unidades da atenção primária em saúde em municípios da região Norte e Centro-Oeste, referente às especialidades de endocrinologia, neurologia, neurologia pediátrica, pneumologia, cardiologia, psiquiatria e reumatologia visa contribuir para o aprimoramento da política de acesso à assistência médica especializada, crucial no atual cenário das regiões. Buscamos sempre melhorias na qualidade da assistência, redução dos tempos de espera, redução do número de transferências desnecessárias de pacientes às capitais e hospitais de referência, aprimoramento da alocação de recursos para melhorar a saúde geral da população e consequentemente melhora da satisfação do usuário.
Principais Resultados:
Carlos Henrique Sartorato Pedrotti - Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP – Lattes - LinkedIn
Renata Albaladejo Morbeck - Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP – Lattes - LinkedIn
Adriana Antunes Bitencourt Beraldo - Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP - LinkedIn
Aline Pinheiro de Souza - Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP - LinkedIn
Ana Eliza Acerbi Sarti - Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP – Lattes - LinkedIn
Beatriz Fernanda Pereira de Souza - Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP - LinkedIn
Bruna Dayanne Reges Amaral - Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP - LinkedIn
Camila Cristina Ramos Hugentobler - Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP - LinkedIn
Carlos Eduardo Silva de Melo - Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP - LinkedIn
Claudia Cristine Curcio - Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP - LinkedIn
Cristiane de Freitas Tomaz Santos - Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP
Evandro Pereira de Barros - Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP - LinkedIn
Gustavo Amorim Cunha - Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP - LinkedIn
Isabella de Freitas Silva - Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP - LinkedIn
Kezia Santana Rodrigues dos Santos - Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP - LinkedIn
Marianne Pojali de Arruda - Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP - LinkedIn
Matheus Vinicius Barros - Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP - LinkedIn
Departamento de Saúde Digital
Conselho Nacional de Secretários de Saúde