Resumo

No triênio 2024-2026, o projeto de Transplantes terá como propósito ampliar o acesso de pacientes ao transplante de órgãos sólidos (fígado, rim, multivisceral, intestino, coração e pulmão) e de células tronco-hematopoiéticas (TCTH) para doenças oncohematológicas (halogênicos aparentados, não aparentados e haploidênticos).

Importante explicar que em transplantes de células tronco-hematopoiéticas, adotados para o tratamento de doenças como leucemias e linfomas, o termo halogênico se refere ao uso de células-tronco doadoras. Para tais casos, encontramos diferentes tipos de doadores:

  • Aparentados: cujos doadores são familiares, como irmãos ou parentes próximos, que têm o mesmo perfil genético do paciente (compatibilidade alta).
  • Não aparentados: cujos doadores não têm relação de parentesco com o paciente, mas são compatíveis, encontrados por meio de bancos de doadores.
  • Haploidênticos: cujos doadores compartilham metade do perfil genético com o paciente, geralmente um dos pais, permitindo uma compatibilidade parcial.
  • Por fim, o projeto abrange todas as fases do transplante, que vai desde o pré, durante e pós-procedimento, e inclui modalidades simples e duplas. Além disso, ele dará suporte assistencial e de gestão, promovendo a capacitação de profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) e a incorporação de novas práticas e conhecimentos nas instituições indicadas pela Coordenação Geral do Sistema Nacional de Transplantes (CGSNT).


    Introdução

    Conforme os dados do Registro Brasileiro de Transplantes, em 2022 havia 31.481 pacientes na fila de espera por transplante de órgãos como rim, fígado, coração e pulmão. Isso significava um aumento de 6,8% em relação ao ano anterior, uma vez que no mesmo período, 7.889 transplantes foram realizados, registrando uma alta de 9,6%. Apesar do crescimento, o número de procedimentos feitos não foi suficiente para atender à demanda, especialmente após a pandemia de Covid-19, que desacelerou a recuperação do volume de transplantes realizados no país e afetou o desempenho do sistema.

    No caso do transplante de medula óssea, o Brasil, com 213 milhões de habitantes, tem 5,6 milhões de doadores registrados no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (REDOME) e 650 pacientes em busca de doadores. Embora haja muitos doadores cadastrados, o país faz 300 transplantes anuais com doadores não aparentados, em média, representando 25% dos transplantes halogênicos (aqueles feitos com doadores compatíveis). Nos Estados Unidos, esse percentual é de 50%.

    A subutilização dos doadores brasileiros pode ter relação com a falta de infraestrutura e a necessidade de capacitar profissionais que trabalham nos centros de transplantes. Em 2022, por exemplo, mais da metade (54,3%) dos transplantes halogênicos foram realizados em São Paulo, mostrando a disparidade significativa que há nas diferentes regiões.  

    A necessidade de ampliar os leitos dedicados aos Transplantes TCTH é outra preocupação. Em 2014, foi publicado um decreto para investir mais de 200 mil por novo leito aberto pelo Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, não é possível estimar o número de pacientes que aguarda na lista de espera da Central Nacional de Transplantes (CNT). O tempo de espera agrava o quadro dos pacientes e onera o sistema, uma vez que muitos pacientes precisam passar por novos exames ou tratamentos para combater as complicações.

    Diante do exposto, o projeto apoiará o Plano Nacional de Transplantes, ampliando o acesso em todas as regiões. Através da regulação pela Coordenação Geral do Sistema Nacional de Transplantes (CGSNT) e pela CNT, serão fornecidos serviços de alta complexidade e capacitação de profissionais em regiões onde há necessidade, melhorando o acesso ao tratamento para pacientes com falências orgânicas, quando órgãos vitais do corpo perdem a capacidade de funcionar adequadamente, o que pode reduzir o número daqueles que chegam à fila em estado grave, melhorando os indicadores.

    Outro ponto é que o projeto apoia os Planos Estaduais e Nacional de Doação e Transplantes de Órgãos Sólidos e Células-Tronco Hematopoiéticas (TCTH), dando assistência completa a pacientes, o que inclui o pré-transplante, o transplante em si e o pós-transplante. E ainda prevê a oferta dos recursos e materiais necessários para o tratamento, incluindo consultas, exames e internações, além de garantir a presença de profissionais qualificados.

    O projeto enfrenta desafios importantes para o desenvolvimento do SUS, incluindo:

  • Aumentar o acesso de pacientes que precisam de transplantes de órgãos e células-tronco hematopoiéticas (TCTH).
  • Reduzir a diferença entre o número de pacientes em lista de espera e a quantidade de transplantes realizados.
  • Melhorar indicadores assistenciais, como sobrevida, qualidade de vida, e redução de complicações, além de diminuir a desigualdade entre regiões que não possuem centros de transplante.
  • Promover a capacitação de profissionais de saúde no manejo de pacientes imunossuprimidos, diminuindo os custos de deslocamento e o impacto socioeconômico em pacientes e suas famílias.
  • Desenvolver modelos de tratamento domiciliar para liberar leitos hospitalares e focar em casos mais complexos.
  • Já os benefícios para o SUS incluem:

  • Aumento do acesso a transplantes de alta complexidade, evitando a necessidade de ações judiciais para que pacientes sejam tratados no exterior, e garantindo os princípios de universalidade, equidade e integralidade do SUS.
  • Expansão do atendimento a pacientes que precisam de transplantes multiviscerais (TMV), de intestino delgado isolado (TID) e de medula óssea halogênica ou haploidêntica (com doadores aparentados ou não), especialmente em casos de doenças onco-hematológicas.
  • Contribuição para liberar leitos hospitalares ao permitir que pacientes com necessidade de nutrição parenteral continuem o tratamento em casa.

  • Métodos

    O projeto demanda recursos e insumos de alto custo e seus principais desafios incluem:

  • Processo regulatório centralizado: pacientes chegam com a saúde já agravada, aumentando a probabilidade de óbito e elevando os custos do tratamento. A falta de vagas e infraestrutura em hospitais aumenta o tempo de espera, piorando o estado de saúde e reduzindo as chances de sobrevivência.
  • Sazonalidade na oferta de órgãos: a disponibilidade de órgãos varia, afetando o número de transplantes. Embora o projeto não recuse órgãos viáveis, o número de procedimentos depende da oferta de doadores e da preparação dos pacientes.
  • Condições clínicas dos pacientes: o quadro clínico do paciente influencia o tempo de avaliação, inclusão na lista de transplante e a realização do procedimento.
  • Orçamento: feito com base no histórico de atendimentos, considerando metas de redução de custos. Muitos pacientes atendidos estavam em avaliação ambulatorial, com tempo adequado de preparo para o transplante. O projeto também lidou com casos de menor complexidade, usados para capacitação e tutorias, e os complexos, como transplantes duplos (ex: coração-pulmão, fígado-rim), muitos dos quais foram recusados por outras instituições.
  • Há fatores que tornam dificultam a precisão nas previsões e limitam a capacidade de atender novos pacientes, como:

  • Condições clínicas dos pacientes: muitos são recusados após avaliação inicial ou têm o quadro agravado enquanto aguardam o transplante, o que consome recursos inesperados.
  • Complicações pós-transplante: pacientes mais velhos ou com condições de saúde complicadas acabam utilizando mais verba do projeto, especialmente quando não conseguem retornar aos seus centros de origem, ocupando leitos que poderiam ser usados para novos casos.
  • O projeto atenderá pacientes inseridos em ciclos anteriores do projeto do PROADI-SUS nas fases pré, durante e pós-transplante de órgãos sólidos e transplantes de medula óssea (TMO). Novas vagas serão oferecidas ao longo do triênio, conforme solicitação da CGSNT e a entrada de novos pacientes seguirá o fluxo estabelecido pela coordenação e outras entidades reguladoras até 30/06/2024, quando um novo fluxo será implementado. Além disso, o projeto será um canal de suporte e encaminhamento para pacientes que buscam atendimento em São Paulo, auxiliando na regulação pela CNT/SNT.

    Entregas e Metas Previstas:

  • Transplantes de Medula Óssea (36 no triênio): 15 em 2024, 15 em 2025 e 6 em 2026. Pacientes adultos e pediátricos.
  • Transplantes de Fígado (148 no triênio): 50 em 2024, 50 em 2025 e 48 em 2026.
  • Transplantes de Coração (21 no triênio): 15 em 2024 e 6 em 2025.
  • Transplantes de Rim (cem no triênio): 30 em 2024, 40 em 2025 e 30 em 2026.
  • Transplantes de Pulmão (36 no triênio): 12 por ano entre 2024 e 2026.
  • Atendimento de Transplantes Multivisceral/Intestino: manter três pacientes internados e cinco em tratamento domiciliar com nutrição parenteral ao longo do triênio.

  • Resultados

    O projeto visa ampliar/manter o acesso para pacientes que necessitam de transplante de órgãos sólidos nas modalidades simples e duplos (fígado, rim, multivisceral, intestino, coração, pulmão) e transplantes de células tronco-hematopoiéticas (TCTH) em doenças oncohematológicas (halogênicos aparentados, não aparentados e haploidênticos) para todas as regiões do Brasil, em consonância com o Sistema Nacional de Transplantes e Planos Estaduais de Doação e Transplantes no Brasil. 


    Equipe

    • Hospital Israelita Albert Einstein





    Indicadores

    182
    Quantidade de profissionais
    envolvidos em atividades de gestão

    Instituições

    • São Paulo

      hospital israelita albert einstein

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