Projeto contempla um estudo clínico com o objetico de avaliar a eficácia do medicamento carvedilol na prevenção da cardiotoxicidade (disfunções cardiológicas) causadas por antraciclinas (um tipo de quimioterápico utilizado em alguns tipos de doenças oncológicas). O planejamento, registro e início do estudo clínico (recrutamento de participantes) ocorreram no triênio 2021-2023. Para o triênio 2024-2026 a expectativa é finalizar o recrutamento dos participantes e as análises dos dados do estudo.
A antraciclina pode ser indicada para o tratamento de pacientes com câncer durante quimioterapia. Essa classe de medicamentos pode estar associada ao aumento de complicações cardiovasculares e disfunções sistólicas - problemas de contração do músculo cardíaco (miocárdio) quando o coração bombeia sangue para fora do ventrículo para o resto do corpo. A cardiotoxicidade provocada por essa substância pode impactar na vida dos pacientes e seus familiares.
O carvedilol, utilizado no tratamento de insuficiência cardíaca, pode auxiliar na prevenção dessas condições. Visando compreender os riscos e benefícios de uma possível intervenção para preveni-las, este projeto fará um estudo clínico randomizado com pacientes em quimioterapia, para os quais o carvedilol será administrado durante o tratamento.
Este projeto tem o objetivo de gerar evidências sobre a possível prevenção nos danos ao coração de pacientes em quimioterapia com uso de antraciclinas, especificamente quando submetidos ao uso do carvedilol. O carvedilol é um medicamento já utilizado no SUS para casos de insuficiência cardíaca ao qual é acessível financeiramente e amplamente disponível no Brasil. Além disso, a pesquisa trará maior esclarecimento sobre a cardiotoxicidade provocada pela antraciclina, assunto ainda pouco estudado no país.
Se comprovadamente seguro e eficaz, o uso do carvedilol pode reduzir o risco de danos cardiovasculares em pacientes oncológicos, possibilitando que seja usado em maior escala no SUS – melhorando a qualidade de vida dos pacientes e reduzindo custos para o SUS.
Este é um estudo clínico randomizado com dois grupos de pacientes: um de intervenção, para o qual será administrado o carvedilol em dose progressiva, e um de controle, que receberá um placebo. A administração do medicamento deverá iniciar em até 15 dias antes do tratamento e encerrar após 30 dias da última sessão de quimioterapia com a antraciclina.
Atualmente, o estudo possui 388 participantes selecionados, além de 1.316 pacientes triados nos 25 centros de saúde do SUS que são participantes, todos diagnosticados com qualquer tipo de câncer e que fazem uso da antraciclina. Estes pacientes serão acompanhados ao longo de 12 meses através de exames e avaliações clínicas.
Seguindo o entendimento da Diretriz Brasileira de Cardio-oncologia, pacientes tratados com medicamentos classificados como antraciclina podem desenvolver cardiotoxicidade, até 1 ano após o início do tratamento.
Ao final do projeto, as conclusões obtidas serão divulgadas para a comunidade científica e médica.