Resumo

As doenças negligenciadas são aquelas causadas por agentes infecciosos ou parasitas e são consideradas endêmicas em populações em situação de vulnerabilidade social. Dessa forma, ao mesmo tempo que os indicadores epidemiológicos apontam para um alto número de casos, os investimentos se mostram reduzidos em pesquisas, produção de medicamentos e controle desses agravos. Visando acompanhar os avanços tecnológicos na eliminação dessas doenças, ações de educação em saúde são imprescindíveis para estes agravos negligenciados. Portanto, este projeto objetiva capacitar os profissionais da saúde da atenção especializada acerca das doenças negligenciadas, a partir do desenvolvimento de estratégias educacionais. Assim, este projeto tem relevância para o Sistema Único de Saúde no sentido de promover a implementação do PCDT da hanseníase; capacitar profissionais da atenção especializada no atendimento a pacientes acometidos pela hanseníase e esquistossomose; promover uma maior eficácia nos diagnósticos clínicos destes agravos; e ainda, promover ações de educação em saúde que contribuam para a vigilância epidemiológica, auxiliando no enfrentamento da desinformação, estigma e discriminação das doenças negligenciadas. As referidas ações e práticas contribuem para a diminuição da subnotificação destes agravos na população.


Introdução

Doenças Tropicais Negligenciadas (DTN) são definidas como um grupo de doenças que incidem em diversos países de contextos tropicais e subtropicais. É comum entre estas doenças, o fato de estarem intrinsecamente associadas à condição de pobreza das pessoas afetadas. Atingem, em sua grande maioria, os países subdesenvolvidos e em desenvolvimento e, tradicionalmente, as DTN ocupam lugar secundário nas agendas nacionais e internacionais de saúde, com a falta de investimento econômico dos países desenvolvidos e da indústria farmacêutica (MATHERS et. al., 2016). As DTN são causadas por agentes infecciosos ou parasitas e afetam comunidades específicas com características semelhantes entre si, tais como saneamento básico precário, baixo índice de desenvolvimento humano e vulnerabilidade socioeconômica.

As DTN são abordadas com uma frequência cada vez menor nos processos de formação e capacitação nos cursos da saúde, de acordo com a literatura algumas são abordadas somente em formações específicas como medicina, enfermagem e fisioterapia. Porém, é importante que toda a equipe multiprofissional seja ACRÔNIMO DO PROJETO V.X.X Sustentabilidade e Responsabilidade Social – HAOC 4 capacitada, auxiliando no processo de diagnóstico, redução do estigma e discriminação das doenças, tratamento e acompanhamento de maneira efetiva no processo de cuidado do indivíduo, reduzindo também possíveis sequelas das incapacidades físicas. O processo de capacitação e aperfeiçoamento dos profissionais da saúde sobre as doenças negligenciadas, deve ser proposto para todos os profissionais nos diferentes níveis de atenção. Na Atenção especializada, devemos buscar esse processo de capacitação com os médicos, possibilitando que sejam potencialmente multiplicadores das ações.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) vem trabalhando em diversas ações para superação das DTN, incluindo na agenda mundial estratégias para fortalecimento dos sistemas de saúde com a inserção de indicadores que contemplam das DTNs nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, e Plano Global de combate às DTNs, com metas de saúde e planos regionais (UNIC, 2001; WHO, 2007). Além disso, durante a 71ª Assembleia Mundial da Saúde em 2018, a OMS passou a considerar o envenenamento ofídico como uma DTN de categoria A, além de desenvolver uma estratégia para redução da mortalidade e incapacitações decorrentes deste agravo. Além das serpentes, outros animais peçonhentos, como escorpiões, aranhas, abelhas e lagartas, são causadores de milhares de acidentes anualmente e dezenas de óbitos. Embora seja um dos líderes mundiais em pesquisa sobre animais peçonhentos e na notificação de acidentes, boa parte das faculdades de saúde carecem de conteúdos que abordem o tema acidentes por animais peçonhentos. Atualmente, nos deparamos com grandes avanços tecnológicos, que podem contribuir com as ações de educação em saúde, promoção e prevenção de doenças, redução da desinformação, incidindo também no estigma e discriminação, pautas de extrema relevância para eliminação das DTNs e para o Sistema Único de Saúde (SUS).

Diante de tantos avanços já realizados e implementação de novas estratégias e tecnologias, este projeto tem relevância para o SUS no sentido de promover a implementação do PCDT da hanseníase, capacitando profissionais da atenção especializada no atendimento a pacientes acometidos pela hanseníase e contribuindo para atualização da diretriz de esquistossomose mansonica, buscando promover uma maior eficácia nos diagnósticos clínicos destes agravos e de ações de educação em saúde que contribuam para a vigilância epidemiológica. O foco nas condições supracitadas (hanseníase e esquistossomose) se deve ao curto espaço de tempo para a execução do projeto, ações mais estruturadas para essas duas condições e alinhamento com a expertise do HAOC. As demais condições poderão ser tratadas em ocasiões futuras


Métodos

1. Curso de capacitação para a implementação do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Hanseníase

• Modalidade EaD; • Conteúdo síncrono e assíncrono;

• E-book de apoio ao curso; • 60h com tutoria; • Certificação pela FECS/HAOC

• Foco em profissionais atuantes nos diversos níveis de atenção e que lidam com hanseníase; • Uma edição para até 200 pessoas.

2. Curso de capacitação em Avaliação Neurológica Simplificada e Classificação do Grau de Incapacidade Física em Hanseníase – modalidade introdutória  

Curso EaD 100% autoinstrucional; • E-book de apoio ao curso; • 40h; • Certificação pela FECS/HAOC;

• Público-alvo: profissionais da atenção especializada, especialmente da neurologia • Curso aberto com inscrições limitadas ao tamanho da plataforma HAOC.

3. Oficina de capacitação em Avaliação Neurológica Simplificada e Classificação do Grau de Incapacidade Física em Hanseníase – modalidade avançada

• Oficina de dois a três dias com conteúdo teórico-prático; • Hands-on com discussão de casos clínicos; • Presencial;

• Público-alvo: neurologistas; • 30 a 40 vagas por edição (proposta de duas edições).

4. Vídeo educativo sobre o PCDT de hanseníase

• Vídeo curto com exposição objetiva acerca da informação do PCDT de hanseníase;

• Animação associada a gravações no cotidiano do atendimento ao paciente com hanseníase;

• Formatação conforme solicitação da área técnica; • Disponibilização em formato de arquivo compatível com a fonte de divulgação.

5. Atualização da Diretriz “Vigilância da esquistossomose mansoni: diretrizes técnicas 4ª edição”

• Confecção de painel de especialistas e grupo elaborador; • Reuniões de escopo; • Definição das perguntas de pesquisa prioritárias;

• Processo de síntese da evidência; • Apresentação para consenso do painel; • Atualização texto; • Diagramação; • Publicação final.


Equipe


Indicadores

426
Profissionais
capacitados

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