Este projeto de pesquisa tem por finalidade avaliar possíveis soluções para o Sistema Único de Saúde (SUS), no que se refere a pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Isso porque a demanda por cuidados oferecidos a pacientes graves vem aumentando, no Brasil e no mundo. Particularmente, no Brasil, a disponibilidade de médicos intensivistas (especialistas no tratamento de pacientes graves internados em UTI) é pequena, principalmente em regiões afastadas dos grandes centros. A proposta deste projeto é estudar o uso da telemedicina em UTIs como forma de melhorar os resultados do tratamento de pacientes internados em UTIs brasileiras pertencentes aos SUS.
A principal contribuição para o SUS será trazer uma resposta, cientificamente embasada, se o atendimento virtual por médico intensivista especialista pode melhorar os resultados do tratamento de pacientes graves, em UTIs onde esse profissional não está disponível. Caso os resultados sejam positivos, essa nova perspectiva poderá fornecer elementos para discussões sobre formas alternativas de atuação do intensivista, bem como, de acesso de pacientes graves (por exemplo, em hospitais do interior) a médicos especialistas. Adicionalmente, indicadores de qualidade serão gerados e protocolos de atendimento baseados na melhor evidência científica disponível serão oferecidos aos hospitais participantes do estudo, com o potencial de constituir um legado que poderá continuar a ser utilizado pelas instituições, mesmo após o término do estudo.
O objetivo do projeto é avaliar se atendimentos virtuais diários, realizados por médico especialista remoto (com o objetivo de definir o melhor tratamento para cada paciente internado nas UTIs) e a discussão periódica de indicadores de qualidade em UTI com a liderança local melhoram os resultados do tratamento de pacientes em UTIs públicas e filantrópicas do Brasil. Estes resultados poderão ser utilizados, no futuro, para a definição de novas políticas públicas de saúde, voltadas para a melhoria do atendimento de seus usuários, a partir da proposição de um novo modelo de atendimento médico-assistencial nas UTIs brasileiras.
A metodologia propõe a comparação de dois grupos de UTIs (metade delas, sorteadas para o grupo intervenção e metade para o controle), distribuídas nas 5 regiões do país, durante 18 meses de intervenção. Os desfechos que serão analisados incluirão o tempo de permanência dos pacientes na UTI, além de outros fatores, tais como, taxa de infecções hospitalares e mortalidade.
Estão envolvidos no projeto 30 UTIs públicas e filantrópicas (Santas Casas) brasileiras, pacientes em quadros críticos de saúde internados nesses hospitais, os quais necessitam de atendimentos em UTIs pertencentes ao SUS, assim como médicos intensivistas a serem treinados para realizar atendimentos remotos, por meio dos recursos disponíveis na Telemedicina.
A maneira tradicional de atender a demanda de cuidados em UTIs inclui aumento do número de leitos com aumento consecutivo de dispêndio de recursos associados, inclusive humanos . Sob o ponto de vista da oferta de cuidados críticos, um serviço mais eficiente de cuidados críticos inclui: estrutura racional de recursos humanos (incluindo o aumento da importância de provedores não médicos), sistemas de suporte à decisão clínica, regionalização das UTIs, educação à distância e o uso da telemedicina, que é o uso da telecomunicação e tecnologia da informação para fornecer ou apoiar cuidados em saúde a distância . Porém, existe incerteza quanto à eficiência de cada um desses elementos. Provavelmente, ela dependa do contexto onde é aplicada . Da mesma maneira que é fundamental conhecer detalhadamente a população de pacientes nos quais uma medicação é testada quanto à eficácia, os aspectos organizacionais atuais do sistema de saúde também podem determinar a efetividade dessas novas modalidades de assistência à saúde. A telemedicina nas UTIs é um dos mais novos elementos desse conjunto. Os resultados dos estudos individuais até o momento são divergentes, com a limitação que a maioria dos estudos são do tipo antes e depois. Mesmo o resultado de metanálises não são totalmente elucidativos quanto aos benefícios esperados da telemedicina . De maneira geral, essas revisões apontam para uma redução do tempo de permanência e mortalidade em UTI. Já a mortalidade hospitalar e custo-efetividade são discordantes entre elas. No Brasil, a maior experiência com telemedicina se dá na área ambulatorial ou de emergência, sendo a experiência em UTIs muito escassa. Dessa forma, o gestor nacional tem poucos elementos para decidir se, onde e como implementar um serviço de telemedicina voltado a cuidados críticos. Considerando os altíssimos custos envolvidos em cuidados intensivos e os custos de implementação de telemedicina, qualquer decisão errônea tem enorme potencial de desperdício de recursos
O metodo será através da comparação de dois grupos de UTIs onde no primeiro grupo ocorrerá a intervenção através da Telemedicina para a visita diária remota por um medico intensivista com a equipe multidisciplinar local, no segundo grupo não haverá intervenção e a unidade manterá a sua rotina habitual. Ao final do periodo de intervenção, será avaliado o desfecho, em especial o tempo de permanÊncia nos dois grupos, constatando-se portanto, o impacto do uso da Telemedicina na visita diaria em pacientes internados em unidades de terapia intensiva de utis publicas brasileiras. O estudo está registrado em plataforma publica através do link abaixo: https://clinicaltrials.gov/ct2/show/NCT03920501?term=Telescope+einstein&rank=1
O projeto de pesquisa TELESCOPE trial, estudo sobre o impacto da Telemedicina na melhoria do atendimento de pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva/UTIs brasileiras) nos últimos meses alcançou marcos como o término da fase de recrutamento de hospitais/UTIs em novembro (21/11/2019) e o sorteio do último bloco de hospitais no final de janeiro (29/01/2020). Com isso, trinta UTIs adulto em todas as regiões do país com aprovação em seus respectivos Comitês de Ética em Pesquisa foram distribuídas de forma aleatória (15 grupo intervenção e 15 grupo controle) e seguirão sendo avaliadas até o final de 2020. Até Junho de 2020 ja foram inseridos na plataforma de coleta de dados mais de 10.000 pacientes distribuidos nas 30 utis participantes e conta com intervenção ocorrendo ativamente nos 15 centros radomizados. Em dezembro de 2020 o projeto havia em sua base de dados mais de 15000 pacientes e iniciado a fase prevista de revisão de amostra por comite independente internacional. Até o momento o projeto seguem com pouco mais de 17800 pacientes ja inseridos na base de dados.
Danilo Teixeira Noritomi - Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP - Lattes Adriano José Pereira - Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP - Lattes Maura Cristina dos Santos - Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP - Lattes
Equipe Escritório PROADI-SUS HIAE: Beatriz Bonadio Aoki - Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP Luana Vanessa Francisco - Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP Fernanda Pahim Santos - Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP - Linkedin Dourival Sabino Gomes Filho - Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP - Linkedin Renato Tanjoni - Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP - Linkedin
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