Resumo

Algumas condições adversas durante a gestação aumentam significativamente os riscos de óbito do feto ou do recém-nascido, ou aumentam a ocorrência de sequelas graves pós-natais. Em meio a estas doenças, algumas são passíveis de intervenções intrauterinas (pré-natais), com intuito de melhorar as chances de sobrevida e a qualidade de vida dos acometidos. 

As condições que mais frequentemente requerem intervenções intrauterinas são a mielomeningocele e a transfusão feto-fetal. A mielomemingocele é uma malformação grave do sistema nervoso central para a qual não existe cura definitiva e que ocorre em cerca de 1/1000 recém-nascidos no Brasil. A síndrome da transfusão feto-fetal (STFF) ocorre em 10 a 30% das gestações gemelares, aquela em que a mulher gesta mais de um bebê ao mesmo tempo, monocoriônicas, ou seja, com uma placenta apenas. 

Em níveis diferentes de evidência científica, estudos disponíveis na literatura demonstram melhores resultados gestacionais e pós-natais para todas essas doenças, quando realizada correção com o feto ainda no útero. Entretanto, estudos sobre eficiência e segurança de procedimentos são necessários para contribuir para melhor utilização dos recursos públicos no Brasil. 

Os objetivos deste estudo são avaliar os resultados perioperatórios, perinatais e dos seguimentos pós-natais de fetos e gestantes submetidas a intervenções intraútero para mielomeningocele e transfusão feto-fetal. A iniciativa, conduzida pelo Hcor, iniciou em 2018 e continua em execução no triênio 2021-2023.


Introdução

Objetivos do estudo envolvendo tratamento de fetos com mielomeningocele: 

  • Avaliar os efeitos da correção de mielomeningocele fetal via mini-histerotomia em comparação a via histerotomia convencional em desfechos maternos e da criança;
  • Avaliar os efeitos da correção de mielomeningocele fetal via mini-histerotomia realizada em idades gestacionais mais precoces versus mais tardias nos desfechos maternos e da criança. 
  • No estudo envolvendo tratamento de STFF: 

  • Avaliar se a presença de sinais ultrassonográficos adicionais à sequência transfusão feto-fetal e diferença de peso entre os fetos influenciam nos desfechos da criança. 
  •  

    Justificativa e relevância do projeto para o SUS

    Estudos sobre eficiência e segurança de procedimentos contribuem para melhor utilização dos recursos públicos. Espera-se que os resultados confirmem os dados disponíveis na literatura e adicionem informações sobre segurança e aplicabilidade prática das técnicas estudadas e, assim, contribuir para a ampliação da utilização dessas técnicas na rede pública a fim de melhorar a qualidade de vida dos pacientes atendidos no Sistema Único de Saúde (SUS). 


    Métodos

    Delineamento do estudo: Trata-se de um estudo observacional do tipo coorte mista, com componentes histórico e prospectivo. Parte dos pacientes serão casos já tratados anteriormente no Hcor, e parte serão casos tratados no triênio de 2018-2020. 

    Tamanho de amostra: 160 casos de mielomeningocele e 80 de síndrome de transfusão feto-fetal operados anteriormente no Hcor, e casos operados no triênio de 2018 a 2020 (75 casos de mielomeningocele e 27 de transfusão feto-fetal). 

    Critérios de elegibilidade: 

  • Mielomeningocele: São incluídos fetos com mielomeningocele operados nos últimos três anos no Hcor (componente de coorte histórica) e as crianças operadas neste triênio (componente de coorte prospectiva);
  • Síndrome de transfusão feto-fetal: são incluídos Fetos com síndrome de transfusão feto-fetal submetidos a ablação vascular placentária no Hcor. 
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    Desfechos:

    Mielomeningocele 

  • Maternos: complicações perioperatórias, complicações no parto;
  • Da criança: Sucesso no procedimento fetal, Período neonatal: Condições clínicas ao nascimento, resultados da avaliação neurológica realizada pelo pediatra após o nascimento, necessidade de reparo adicional na cicatriz da cirurgia intrauterina da mielomeningocele, necessidade de derivação ventrículo-peritoneal durante a internação, demais complicações neonatais. Seguimento 12 e 24 meses: Avaliação neurológica, Capacidade para deambular sem auxílio, Mortalidade infantil, Necessidade de derivação ventrículo peritoneal. 
  • Transfusão feto-fetal 

  • Maternos: complicações perioperatórias, complicações no parto;
  • Da criança: Períodos perioperatório e intrauterino: Sucesso no procedimento fetal, sobrevida, Período neonatal: Sobrevida com alta do berçário, condições clínicas ao nascimento, resultados da avaliação neurológica realizada pelo pediatra após o nascimento, demais complicações neonatais. Seguimento 12 e 24 meses: Avaliação neurológica. 

  • Resultados

    Estudo iniciou em 2018 e está em execução.

    Expectativa de divulgação dos resultados: final de 2020.

    Até janeiro de 2020, 68 casos de mielomeningocele e 29 casos de síndrome de transfusão feto-fetal foram incluídos da coorte prospectiva.

    Estudos sobre eficiência e segurança de procedimentos contribuem para melhor utilização dos recursos públicos. Esperamos que os resultados confirmem os dados disponíveis na literatura e adicionem informações sobre segurança e aplicabilidade prática das técnicas estudadas. Assim esperamos contribuir para a ampliação da utilização dessas técnicas na rede pública, melhorando a qualidade de vida dos pacientes atendidos no SUS.


    Equipe


    Indicadores

    24
    Quantidade de atendimentos
    realizados
    17
    Quantidade de profissionais
    envolvidos em pesquisa
    72
    Quantidade de participantes
    envolvidos na pesquisa

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