Entende-se que a Atenção Primária à Saúde (APS) é responsável pela coordenação do cuidado, e acompanhamento longitudinal do usuário pela rede de atenção, cujos fluxos assistenciais definidos pela gestão local têm o objetivo de garantir a circulação do usuário entre profissionais e níveis de atenção. Justifica-se assim a necessidade do fortalecimento do papel da APS na efetividade da linha do cuidado do sobrepeso e obesidade.
Um estudo (BORTOLINI et al, 2020) apresentou uma correlação entre condições avaliadas em ficha de atendimento na APS e as condutas e desfechos entre 2018 e 2019. Apenas 2,85% dos atendimentos foram relacionados à obesidade e 22,48% dos atendimentos de obesidade resultaram em alta, sem cuidado continuado. Outro dado alarmante é que, dos casos que foram encaminhados para outros serviços da rede, 94,97% foram para a atenção especializada. Sabe-se que hipertensão e diabetes estão associadas à obesidade e um quarto dos atendimentos da APS são relacionados a hipertensão e 10,51% ao diabetes, observa-se que a condição da obesidade ainda é negligenciada pela APS, justificando o desafio de sensibilizar e capacitar os profissionais para identificação dessa condição como um problema de saúde que necessita intervenções e acompanhamento contínuo. Esta é uma oportunidade de aumentar a resolutividade da APS.
Tendo em vista a complexidade da atuação em Linhas do Cuidado e a necessidade de articulação entre os níveis de atenção para garantir a atenção integral e integrada do usuário com sobrepeso e obesidade e a importância da APS no protagonismo da articulação para efetividade das Redes de Atenção à Saúde, o projeto visa fortalecer tal participação por meio do mapeamento do território, engajamento de gestores de saúde, fomento da educação continuada e permanente e apoio na implementação dos protocolos de atendimento da APS de forma presencial e por teleatendimento, além de engajamento de gestores dos serviços de todos os níveis de atenção.
Segundo Vigitel 2019, o percentual de adultos (≥ 18 anos) com excesso de peso (IMC ≥ 25 kg/m2) nas capitais brasileiras variou entre 49,1% e 60,9%. Na capital de Alagoas, Maceió, era de 54,4%. Já o percentual de adultos (≥ 18 anos) com obesidade (IMC ≥ 30 kg/m2) nas capitais variava entre 15,4% e 23,4%, enquanto na referida capital era de 20%, o que sustenta a necessidade de apoio no fortalecimento da atenção primária local e também na implantação e implementação da LCSO nas macrorregiões de Alagoas.
A partir da compreensão do novo cenário demográfico brasileiro relacionado à saúde, da complexidade do tratamento de doenças crônicas, de seu impacto na gestão de saúde pública e da abrangência da obesidade na Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas (RASPDC), o Plano Estadual de Saúde de Alagoas 2020-2023 contemplou como meta para 2023, a implantação completa de uma Linha de Cuidado da Pessoa com Sobrepeso e Obesidade no estado. Dessa forma, entende-se a apreensão em conjunto da Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas, do Ministério da Saúde e do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, na necessidade de estruturação dessa LCSO no estado referido.
Ao apreender a evolução da epidemia da obesidade e compreender as necessidades de vigilância, prevenção e tratamento precoce, se faz urgente a mobilização de todas as áreas para a promoção do cuidado a essa população com respeito, acolhimento e humanização.
Este projeto se articula com o Plano Nacional de Saúde (PNS) 2020-2023 para alcance do objetivo 1: Promover a ampliação e a resolutividade das ações e serviços da atenção primária de forma integrada e planejada.
O impacto para o SUS se refletirá na Continuidade do cuidado e resolutividade das demandas de saúde dos usuários com sobrepeso e obesidade, por meio da ressignificação da porta de entrada no SUS e da adesão às políticas de promoção à saúde e atenção integral, da organização dos fluxos e dos acessos aos serviços na RAS.
Os objetivos são:
Atuação no Estado de Alagoas, nas duas macrorregiões de saúde (Maceió e Arapiraca), nas 10 divisões de saúde dos 102 municípios.
Participantes: profissionais da APS, ACS e demais níveis de atenção à saúde.
Ana Paula Pinho - Diretora de Sustentabilidade e Responsabilidade Social
Nidia Cristina de Souza - Gerente Projetos Eixo Modelo Assistencial HAOC
Carolinne Ferreira Abrahao- Coordenadora de Projetos
Aryane Lima Rolim - Nutricionista
Carla Anita Pavan - Enfermeira
Tatiane Cifuentes- Enfermeira
Ricardo Reis Osoegawa- Analista de Projetos
Adriana Miyauchi- Médica de Família e Comunidade
Centro de Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz
Saúde Populacional e Atenção Primária do Hospital Alemão Oswaldo Cruz
Secretaria Estadual de Saúde de Alagoas - SESAU AL
Gerência de Atenção Primária - GAP
Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Alagoas- COSEMS AL
Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição (CGAN)
Secretaria de Atenção Primária em Saúde (SAPS)
Departamento de Promoção da Saúde (DEPROS)