A prestação do cuidado por profissionais da área da saúde pode ocasionar danos aos pacientes, embora na maioria das vezes não seja intencional. No entanto, podem acarretar prejuízos físicos, emocionais, sociais e até fatais. A Segurança do Paciente (disciplina que surgiu com a complexidade em evolução dos sistemas de saúde e o aumento resultante de danos às pessoas atendidas) é uma séria preocupação global de saúde pública.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, por ano, sejam registradas 421 milhões de internações no mundo e, aproximadamente, 42,7 milhões de eventos adversos ocorrem em pacientes durante essas internações. Nos hospitais brasileiros, acredita-se que cerca de 67% dos danos que ocorrem podem ser evitados. Assim, o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), instituído pelo Ministério da Saúde (MS) em 2013, procura minimizar esses riscos trabalhando com ações para efetivar a segurança do paciente nos serviços realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Apesar do grande esforço do MS em tornar efetivo o PNSP, muitos hospitais ainda têm dificuldade de implantar efetivamente ações para promover a segurança no atendimento. Uma destas razões é a formação deficitária dos profissionais nesta questão, sendo necessárias ações de capacitação e instrumentalização para implementação efetiva das medidas de segurança do paciente.
No projeto Paciente Seguro, o Hospital Moinhos de Vento presta consultoria in loco para os hospitais selecionados, compartilhando sua expertise para a implantação efetiva de protocolos sobre o tema. Para isso, foram desenvolvidas ferramentas de apoio, metodologias de compartilhamento de experiências entre os participantes, capacitações de profissionais da saúde e estratégias de monitoramento sobre os riscos que o paciente corre no âmbito hospitalar. A equipe da iniciativa realiza visitas presenciais, associadas ao monitoramento remoto de intervalo quinzenal.
O projeto Paciente Seguro iniciou em novembro de 2016, apoiando 15 hospitais distribuídos nas cinco regiões do país. A partir de março de 2019, 45 novos hospitais se juntaram ao grupo. Em 2021, na terceira fase do projeto, foram inseridos outros 18 hospitais públicos localizados nas regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste, em estados não contemplados anteriormente. Para 2022, outros 18 hospitais públicos serão inseridos no projeto, totalizando 36 hospitais contemplados entre 2021 e 2023.
Ao final do triênio 2018-2020, a adesão à prática de higiene das mãos aumentou em 42%; o percentual de lesões por pressão em hospitais pediátricos foi reduzido em 13%; e, o percentual de quedas, em 55%. Em relação à economia, considerando os resultados obtidos com a prevenção de quedas e lesões por pressão em pacientes adultos internados, estimou-se redução em torno de R$ 11 milhões.
A iniciativa também busca desenvolver capacidades das equipes na utilização da metodologia do Modelo de Melhoria e implementação do conjunto de mudanças relacionadas à promoção de práticas seguras e prevenção de incidentes relacionados à assistência; desenvolver processos colaborativos de Segurança do Paciente e consolidar metodologias para a mensuração de indicadores de processos entre as unidades hospitalares; ampliar o suporte e envolvimento das instâncias locais nos hospitais relacionados.
A iniciativa se vincula aos seguintes objetivos do Plano Nacional de Saúde:
3) Reduzir ou controlar a ocorrência de doenças e agravos passíveis de prevenção e controle;
4) Fomentar a produção do conhecimento científico, promovendo o acesso da população às tecnologias em saúde de forma equitativa, igualitária, progressiva e sustentável;
7) Aperfeiçoar a gestão do SUS visando a garantia do acesso a bens e serviços de saúde equitativos e de qualidade.
Benefícios para o SUS:
Na fase inicial, que ocorreu de novembro de 2016 até dezembro de 2017, foram selecionados 15 hospitais, contendo no mínimo 100 leitos, UTI e que realizassem procedimentos de alta complexidade; além de atuarem como referência na sua região. A partir de 2019, foram selecionados 45 hospitais localizados na mesma cidade dos hospitais da primeira etapa ou em cidades próximas e com no mínimo 10 leitos de UTI. Já em 2021, 36 novos hospitais públicos ou filantrópicos localizados nas regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste, em estados não contemplados no triênio 2018-2020, serão contemplados nesta iniciativa.
Para tornar estas instituições mais seguras, é utilizada a metodologia denominada de Modelo de Melhoria, um método utilizado para promover mudanças por diversas instituições renomadas no mundo, como o Institute for Healthcare Improvement (IHI) e o sistema de saúde do Reino Unido (NHS). De forma simplificada, o método consiste em identificar processos que precisam ser modificados e testar ideias que entendemos poder melhorar nossos resultados. O aprendizado com os diversos testes realizados permite adaptar as mudanças e implementá-las com maior probabilidade de sucesso.
Entre 2018 e 2020, estas mudanças foram acompanhadas pela equipe do Moinhos de Vento através de 280 visitas técnicas e 2.102 reuniões de monitoramento. As ações propostas são monitoradas, avaliadas, alteradas quando necessário e os hospitais são acompanhados permanentemente pela equipe de campo. Há também monitoramento das ações em andamento e dos indicadores que estão sendo avaliados para cada um dos hospitais, com o acompanhamento da equipe técnica do projeto.
Participação de 36 instituições.
Desta forma, o modelo de monitoramento utilizado pelo projeto proporcionou, para os profissionais de saúde dos hospitais participantes, uma nova perspectiva de trabalhar a segurança do paciente, com o uso de uma metodologia robusta para solucionar demandas institucionais de maneira geral.
Acompanhamento dos resultados no projeto e a identificação de melhorias em todos os seis protocolos trabalhados coleta de indicadores assistenciais:
Estimativa de redução do custo do tratamento para lesões por pressão e complicações decorrentes de quedas em mais e higiene de mãos com economia estimada em R$ 62.000,00 e 474.000,00 por ano e por hospital.
Criação do site “Caminhos da Segurança” com registros de acessos realizados por 45 países e mais de 48 mil usuários.
Oferta de 11 cursos no formato de educação à distância com temas relacionados à gestão, Modelo de Melhoria e segurança do paciente.
Desenvolvimento de um caderno de aprendizagem em formato digital que contempla o conhecimento, experiência, produtos e ferramentas.
Daniela Cristina dos Santos - Hospital Moinhos de Vento, Porto Alegre, RS - Linkedin
E-mail: pacienteseguro@hmv.org.br
Telefone: (51) 98575-7534
Aline Brenner - Hospital Moinhos de Vento, Porto Alegre, RS - Linkedin
Daiane Lima
Daniela Bernardes
Fernanda Boaz Lima Jacques - Hospital Moinhos de Vento, Porto Alegre, RS - Linkedin
Kamyla Vieira - Hospital Moinhos de Vento, Porto Alegre, RS - Linkedin
Luciana Yumi Ue - Ministério da Saúde, Brasília, DF - Linkedin
Marina Gassen - Hospital Moinhos de Vento, Porto Alegre, RS - Linkedin
Vanessa Monteiro Mantovani - Hospital Moinhos de Vento, Porto Alegre, RS - Linkedin
Veronica Farina - Hospital Moinhos de Vento, Porto Alegre, RS - Linkedin
Comitê de Implementação do Programa Nacional de Segurança do Paciente Secretarias Estaduais de Saúde (SES)
Secretaria de Atenção Especializada à Saúde - SAES/MS
Coordenação Geral de Atenção Hospitalar e Domiciliar - CGAHD
Departamento de Atenção Hospitalar e Urgência – DAHU