O Projeto GAIA estudará como funciona o sistema de vacinação do Sistema Único de Saúde (SUS), após avaliar sua eficácia. Além disso, pretende capacitar equipes de saúde, visando aumentar a adesão à vacinação escolares, reduzir erros de vacinação e entender o conhecimento e práticas dos profissionais sobre hesitação vacinal no Brasil - que consiste na relutância ou recusa em vacinar-se, apesar da disponibilidade de doses. Este problema, ocasionado por fatores como desinformação, medos sobre segurança ou eficácia das vacinas, influências culturais ou religiosas e a disseminação de informações falsas sobre vacinas, pode resultar em surtos de doenças que poderiam ser prevenidas.
Para conhecer essa estrutura do sistema de vacinas e seus profissionais, o projeto será dividido em cinco etapas:
O Brasil sempre teve sucesso em suas campanhas para a vacinação, com marcos importantes registrados, entre eles a erradicação da varíola em 1973 e a eliminação da poliomielite em 1989. Se hoje doenças como sarampo, rubéola, caxumba, hepatite B e febre amarela estão sob controle, o mesmo não ocorre com a cobertura da vacina HPV, que tem sido baixa e registra queda: passou de 87,08% em 2019 para 75,81% em 2022 entre as meninas, e de 61,55% para 52,16% entre os meninos.
Há, ainda, a reintrodução de doenças devido à baixa cobertura vacinal e à disseminação de informações incorretas, causadoras de hesitação vacinal. E, embora sejam profissionais essenciais para orientar a população, há poucas evidências sobre o Conhecimento, Atitudes e Práticas (CAP) dos profissionais de saúde, especialmente médicos, em relação à vacinação.
Um dos pontos de atenção refere-se a erros de imunização, que podem levar a eventos adversos e diminuir a confiança da população nos programas de vacinação. Há relatos sobre problemas no armazenamento de vacinas e perda de doses nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), por exemplo, algo que deve ser evitado. Assim, o projeto Gaia visa criar uma rede nacional de pesquisa em vacinação e imunização, com foco em boas práticas clínicas, para responder rapidamente a surtos e epidemias, similar à resposta à pandemia de COVID-19.
Desde já, o projeto Gaia enfrentará desafios significativos para o desenvolvimento do sistema público de saúde, um deles diz respeito à meta de acabar com as epidemias de AIDS, tuberculose, malária e doenças tropicais negligenciadas, além de combater a hepatite e outras doenças transmissíveis até 2030.
Entre os benefícios esperados pela implantação do projeto estão a criação de protocolos para capacitação escolar em vacinação e imunização, com avaliação de resultados de eficácia; estratégias para reduzir erros vacinais; evidências sobre CAP e hesitação vacinal e a formação de novos centros de investigação. A formação de pessoal qualificado para manejo de salas de vacina também é um objetivo importante. E por fim, todas as estratégias, baseadas em evidências e testadas em âmbito nacional, terão potencial de implementação imediata no Sistema Único de Saúde (SUS).
Durante sua execução, o projeto terá quatro entregas principais, que tratam de: um modelo educativo para ampliar a vacinação HPV entre crianças e jovens; estratégia que possibilite reduzir erros vacinais nas UBS; um estudo sobre CAP e hesitação vacinal dos profissionais de saúde e um curso on-line sobre vacinologia.
O projeto contará com quatro entregas principais:
1 - Modelo Educativo: estudo Educavac, que visa avaliar a eficácia da implementação de programas de adesão à vacinação contra HPV em crianças e jovens. Os estados participantes do projeto incluem Roraima e Pará na região Norte; Ceará e Rio Grande do Norte no Nordeste; Mato Grosso e Distrito Federal no Centro-Oeste; Minas Gerais no Sudeste; e Rio Grande do Sul na região Sul.
As escolas participantes devem ter alunos entre 9 e 14 anos, faixa etária contemplada no estudo, além de professores do Ensino Fundamental, tanto homens quanto mulheres. A amostra do estudo inclui dez escolas por estado, com pelo menos 25 alunos por turma e quatro turmas por escola. A coleta de dados poderá ocorrer em até quatro municípios diferentes, incluindo o Distrito Federal, se necessário para atingir o número de alunos/escolas suficiente para garantir a precisão estatística.
2- Estratégia de Redução de Erros Vacinais: estudo THEIA trial que avaliará a eficácia de estratégias, implementando e testando métodos que visam minimizar erros em salas de vacinação de unidades básicas de saúde (UBS). O protocolo é desenvolvido em colaboração entre o comitê do estudo e equipes do Ministério da Saúde, com a aplicação dos resultados prevista para o SUS, dependendo da eficácia demonstrada. Os estados participantes são: Roraima e Pará (Norte), Ceará e Rio Grande do Norte (Nordeste), Mato Grosso e Distrito Federal (Centro-Oeste), Minas Gerais (Sudeste), e Rio Grande do Sul (Sul).
As unidades de saúde participantes devem ter pelo menos 5 mil vacinações por mês. Serão excluídas unidades que não mantêm uma frequência constante de vacinação. A amostra inclui cerca de dez unidades básicas de saúde (UBS) por estado, cada uma com pelo menos 2 mil vacinações mensais. Se necessário, o estudo pode se estender a até quatro municípios para garantir uma amostra adequada.
3 - Estudo sobre CAP e Hesitação Vacinal: chamado de Mnemosyne study, trata-se de um estudo observacional que avaliará o Conhecimento, Atitudes e Práticas (CAP) dos profissionais de saúde no Brasil sobre vacinação e hesitação vacinal. O protocolo é desenvolvido em parceria com o comitê do estudo e o Departamento do Programa Nacional de Imunizações, com a intenção de aplicar os resultados para melhorar o Sistema Único de Saúde. Ele deverá incluir 2.400 profissionais, recrutados entre um total de 6.858 necessários, o que garantirá uma amostra representativa de médicos e enfermeiros em capitais e municípios do interior. Critérios de inclusão são profissionais que atuam no manejo clínico preventivo, terapêutico, ou na educação em saúde. Serão excluídos profissionais que não se encaixam nesses critérios ou que atuam em áreas diferentes.
A avaliação será feita por meio de questionários baseados na metodologia da Organização Mundial de Saúde (OMS) para avaliar oportunidades perdidas de vacinação, permitindo comparações com dados de outros países. Já o questionário sobre hesitação vacinal segue orientações do órgão sobre motores comportamentais e sociais da vacinação.
4 - Curso de aprimoramento em Vacinologia: Oferecer formação continuada para profissionais da saúde será o propósito de um treinamento presencial, voltado para profissionais do SUS, visando aprimorar o conhecimento sobre vacinação, manejo de vacinas e imunobiológicos. Será conduzido por especialistas e ocorrerá no Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Israelita Albert Einstein.
As inscrições serão abertas no segundo semestre de 2025, com 60 vagas disponíveis, sendo que cada secretaria de saúde estadual ou municipal pode indicar dois candidatos. As aulas presenciais acontecerão aos finais de semana, de julho a novembro, com transmissões online para quem não puder comparecer. O curso é dividido em dez módulos, abordando temas como a função das vacinas, gestão da cadeia de frio, farmacovigilância, estratégias de vacinação, e comunicação sobre hesitação vacinal. Os participantes também trabalharão em estudos de caso e receberão certificados ao final.
Os resultados esperados incluem:
Dr. Henrique Andrade R. Fonseca
Dr. Luiz V. Rizzo
Soraya Souza Cruz
Lucas Ferreira Theotonio dos Santos
Francisco Jose Nigro Mazon
Antonio Cordeiro Mattos
Geylene Albuquerque Ribeiro
Danilo Sousa Evangelista
Luciana Pereira Almeida de Piano
Ana Carla Revuelta Dal Arosa Carioca
Thamyres Barros Pereira De Castro
Renata Akemi Prieto Sakata Garbo
Ramy Machado Marino
Gustavo Prado dos Santos
Gabriela Pereira Campilongo
Ana Beatriz Da Silva Correa Santos
Raffaella Passarelli
Mayara Dos Santos Silva
Jadher Percio
Marcelo de Paula Santana
Cibelle Mendes Cabral
Marcelo Mafra Leal
Kelen Cristina de Oliveira