O projeto “Recomeçar RS: Cuidando da Saúde Mental em Comunidades Impactadas pelas Enchentes” foi desenvolvido com o objetivo de oferecer suporte psicológico à população de Porto Alegre e da região metropolitana afetada pelas enchentes de maio de 2024. A proposta prevê a criação de estratégias de acolhimento direcionadas a pessoas em situação de vulnerabilidade que necessitem de acompanhamento em saúde mental, com base na identificação das áreas mais atingidas — incluindo a capital e os municípios de Eldorado do Sul, Guaíba, Canoas, Cachoeirinha, Gravataí, Esteio, Alvorada, Nova Santa Rita, Sapucaia do Sul e São Leopoldo.
As enchentes que atingiram o estado do Rio Grande do Sul em maio de 2024 afetaram profundamente cidades e comunidades inteiras. Mais de 2,3 milhões de pessoas foram impactadas, 183 vidas foram perdidas, cerca de 580 mil pessoas ficaram desalojadas de suas residências e 70 mil ficaram desabrigadas até o dia 22 de maio. Além dos prejuízos materiais, há um impacto significativo na saúde mental das pessoas atingidas por esse desastre climático.
Diante dessa realidade, torna-se urgente uma intervenção estruturada voltada as estratégias de enfrentamento e suporte em saúde mental, com o objetivo de minimizar os danos psicológicos e psiquiátricos. A exposição a eventos traumáticos dessa magnitude pode desencadear transtornos mentais severos, como ansiedade generalizada, depressão e estresse pós-traumático, comprometendo seriamente a qualidade de vida das pessoas afetadas.
O projeto “Recomeçar RS: Promovendo a Saúde Mental em Comunidades Atingidas por Enchentes” foi criado para oferecer apoio em saúde mental à população de Porto Alegre e da região metropolitana que sofreu com as enchentes de maio de 2024. A iniciativa irá estabelecer processos de acolhimento para pessoas vulneráveis que necessitam de cuidado psicológico, com base em um mapeamento das áreas mais afetadas — incluindo Porto Alegre e os municípios de Eldorado do Sul, Guaíba, Canoas, Cachoeirinha, Gravataí, Esteio, Alvorada, Nova Santa Rita, Sapucaia do Sul e São Leopoldo.
A expectativa é atender cerca de 10 mil pessoas que, em algum momento, estiveram desalojadas, priorizando aquelas que estiveram em abrigos oficiais ou que fazem parte de grupos em situação de vulnerabilidade. O programa vai oferecer suporte psicológico para pessoas com sintomas de ansiedade, depressão ou estresse pós-traumático, além de atendimentos individualizados conforme necessidade.
Paralelamente, será oferecido um curso autoinstrucional, em formato de ensino a distância (EAD), para capacitar profissionais de saúde no cuidado com a saúde mental em contextos de desastre. Também será feito um acompanhamento de seis meses com uma amostra dos participantes para avaliar a evolução dos sintomas e os determinantes sociais envolvidos. As informações obtidas servirão de base para qualificar o atendimento às vítimas em futuras situações de calamidade no país.
O Recomeçar RS é um projeto de caráter assistencial, com foco na promoção da saúde mental de pessoas afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul. A proposta inclui o rastreamento de populações que estiveram desabrigadas, com atenção especial a cidades provisórias para deslocados e abrigos temporários utilizados nos meses de maio e junho de 2024.
Serão priorizados grupos mais vulneráveis, como idosos, pessoas negras, usuários de substâncias psicoativas e moradores de aldeias indígenas afetadas. O rastreamento será realizado mediante consentimento dos participantes e consistirá na aplicação de questionários validados para identificar sintomas de ansiedade, depressão e estresse, além de coletar informações sobre determinantes sociais de saúde.
Durante o rastreamento, serão oferecidas orientações de promoção e proteção da saúde mental, acompanhadas de materiais educativos, com a meta de alcançar cerca de 10 mil pessoas. Os dados coletados serão compilados em um relatório que poderá orientar políticas públicas e promover articulação com outras esferas governamentais.
Para os casos com sintomas identificados, será oferecida a participação em um programa estruturado de apoio psicológico, com cinco encontros semanais em grupo, cada um com aproximadamente 90 minutos de duração. Nesses encontros, serão trabalhadas questões como estresse, medo, sentimentos de desamparo e estratégias para lidar com problemas práticos decorrentes da catástrofe.
Pessoas com sintomas mais graves serão encaminhadas para atendimento especializado com psicólogos ou psiquiatras. Também será realizado um acompanhamento de até seis meses para avaliar os efeitos do programa, monitorando indicadores de saúde mental, qualidade de vida e determinantes sociais entre adultos desabrigados da região metropolitana de Porto Alegre.
Além disso, o projeto disponibilizará um curso em formato EAD para capacitar profissionais de saúde no atendimento psicológico em contextos de desastre. Com essas ações, espera-se reduzir os impactos negativos na saúde mental da população afetada, diminuir a demanda por atendimentos de alta complexidade e fortalecer a capacidade de enfrentamento das comunidades.
Ao promover a recuperação emocional por meio de apoio especializado, o projeto busca facilitar a reintegração social dos atingidos, fortalecer os laços comunitários e criar uma rede de apoio fundamental para a resiliência coletiva. Os dados gerados ao longo do acompanhamento também contribuirão para a produção de conhecimento e para o desenvolvimento de estratégias mais eficazes em situações similares no futuro.
A execução do projeto está prevista para ocorrer ao longo de 25 meses, abrangendo o triênio 2024–2026.