O projeto, vigente desde 2019, busca a ampliação da capacitação das equipes de 91 UPAs, distribuídas entre 21 estados e o Distrito Federal, na implementação e aplicabilidade efetiva dos protocolos locais que permitam aumentar o reconhecimento da Sepse, seu diagnóstico e tratamento precoce, permitindo a aplicação do pacote de medidas de contenção da doença, a fim de impactar positivamente nos desfechos clínicos dessa síndrome. Além disso, a iniciativa visa a criação e implementação de ferramentas para a identificação e fluxo de priorização de atendimento e tratamento precoce dos pacientes com diagnóstico de Sepse, por meio da capacitação das equipes com relação à conceitos e ferramentas da Gestão da Qualidade, bem como da Segurança do Paciente e Metas Internacionais regidas pela OMS e RDC nº 36 de 2013.
A sepse é um conjunto de manifestações graves em todo o organismo produzidas por uma infecção, mais conhecida pela população geral por infecção generalizada. No Brasil, a taxa de mortalidade pela doença ainda é de aproximadamente 60%, sendo considerada superior à mortalidade em outros países semelhantes no mundo, que possuem taxa de aproximadamente 35%, e bem superior ao descrito em países desenvolvidos, com 20%.
Sabemos que essa alta taxa de mortalidade se deve principalmente, à dificuldade de diagnóstico precoce pelas equipes assistenciais, determinando demora no reconhecimento e início do tratamento que faz com que a maioria desses pacientes sejam tratados tardiamente em unidades de terapia intensiva (UTI), devido ao atraso no diagnóstico e transferência para setor hospitalar.
Diante disso, o Projeto Sepse nas UPAs tem como objetivo principal reconhecer precocemente os pacientes com suspeita de sepse e tratá-los no tempo ideal através dos pacotes de medidas clínicas que por sua vez, possuem evidência demonstrada na diminuição da morbimortalidade. O projeto teve início no ano de 2018, sendo hoje um projeto de continuidade com a participação de 91 UPAs divididas em dois ciclos de 18 meses de duração, com abrangência em 21 estados e o DF.
Em sua execução, as equipes desenvolvem ou aprimorar seus processos assistenciais com foco no protocolo de atendimento à sepse, por sua vez dividido em quatro etapas (4 Rs):
Durante toda construção do protocolo, as equipes utilizam os recursos disponíveis em sua UPA, adequando os protocolos conhecidos nacionalmente e internacionalmente para o contexto de urgência e emergência, em sua maioria, de bairros periféricos das grandes cidades do Brasil.
Justificativa e relevância do projeto para o SUS
Espera-se que as ações e resultados do projeto possam contribuir com o SUS por meio da criação de processos confiáveis e sustentáveis de saúde a nível secundário, além da promoção de conhecimento das equipes das UPAs com relação à conceitos básicos de qualidade, segurança do paciente, estratégias de comunicação e envolvimento do paciente e família no cuidado. Consequentemente, atingir o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de número 3 – Saúde e Bem-Estar, conforme descrito pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Além disso, acredita-se que as atividades desenvolvidas sejam capazes de promover a autonomia intelectual e assistencial dos profissionais envolvidos, resultando em melhora do desfecho dos pacientes diagnosticados com Sepse, como por exemplo, diminuição da procura por leitos de Terapia Intensiva e diminuição da morbimortalidade causada pela síndrome. Este Projeto envolve o Ministério da Saúde, bem como as Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde, em relação à atenção secundária. Ao capacitar as equipes para a identificação e tratamento precoce da Sepse, também se faz interessado os profissionais capacitados e a população atendida nas UPAs participantes.
Trata-se de um projeto em que equipes de 95 UPAs serão capacitadas para desenvolvimento de Ciclos de Melhoria e Tratamento precoce de pacientes acometidos por sepse, atendendo aos 4 R’s proposto de acordo com o protocolo: Reconhecimento; Ressuscitação; Reavaliação e Referenciamento).
As capacitações ocorrerão de maneira presencial e à distância e o público-alvo das unidades para capacitação é formado por, pelo menos, quatro profissionais (médicos e/ou enfermeiros), que funcionarão como facilitadores e disseminadores locais. Também haverá atuação junto aos gestores com o objetivo de esclarecimento do escopo e benefícios do projeto e solicitação de apoio da liderança. Para o desenvolvimento das ações, é utilizado um modelo de abordagem de educação, desenvolvimento e implementação de ferramentas específicas para o reconhecimento precoce dos pacientes com suspeita de Sepse, treinamento dos times locais, acompanhamento e feedback por meio de visitas locais e reuniões virtuais.
A iniciativa utiliza o modelo de melhoria contínua do Institute for Healthcare Improvement (IHI), que consiste na aplicação mais abrangente do sistema de conhecimento profundo de Deming. Confira o modelo detalhado a seguir:
(1) Conhecimento sistêmico do modelo;
(2) Pactuação do objetivo a ser atingido com o processo de melhoria decorrente das mudanças implementadas;
(3) Diagrama Direcionador baseado nas melhores práticas assistenciais e orientações dos colégios científicos sobre Sepse;
(4) Mensuração de indicadores e reconhecimento/análise no gráfico de tendência das variações comuns e causas especiais, decorrentes ou não, de medidas de melhoria;
(5) Implementação de ciclos de mudanças a partir da metodologia Metodologia Plan – Do – Study – Act (PDSAs);
(6) Compreensão dos fatores humanos envolvidos na implementação de melhorias com o intuito de aproximar as mudanças propostas ao processo assistencial da equipe envolvida na prestação de cuidados.
A capacitação das equipes e a implementação dos Ciclos de Melhoria é gradual e presente em todas as etapas de desenvolvimento do projeto, ou seja, logo após a primeira capacitação, a equipe já estará apta a iniciar pequenas ações.
Já para o acompanhamento do desenvolvimento, será implementada a estratégia “semáforo”, em que as equipes serão divididas por cores de acordo com as etapas do protocolo Sepse já adotado na instituição.
Estes resultados contribuíram para a criação de processos confiáveis e sustentáveis de saúde, além de promover o conhecimento das equipes das UPAs 24h em relação aos conceitos básicos de qualidade, segurança do paciente e estratégias de comunicação eficaz.
Vânia Rodrigues Bezerra
Diretora de Compromisso Social do Hospital Sírio-Libanês
Linkedin: linkedin.com/in/vânia-bezerra-222a4920
Dr. José Mauro Vieira Júnior
Diretor do Instituto de Qualidade e Segurança do Hospital Sírio-Libanês
Patrocinador do Projeto
Linkedin: linkedin.com/in/josé-mauro-vieira-júnior-58460376
Alex Ricardo Martins
Gerente de Programas Governamentais do Hospital Sírio-Libanês
Linkedin: linkedin.com/in/alexricardomartins
Carina Tischler Pires
Gerente do Projeto - Hospital Sírio-Libanês
Linkedin: linkedin.com/in/carina-tischler-pires-82499540
Marco Antonio Saavedra Bravo
Gerente do Projeto - Hospital Sírio-Libanês
Linkedin: linkedin.com/in/marco-saavedra-bravo
Giselle Franco Santos
Especialista de Projetos - Hospital Sírio-Libanês
Linkedin: linkedin.com/in/giselle-franco-santos-34221777
Jennifer Fraga Carvalho
Enfermeira do Projeto - Hospital Sírio-Libanês
Linkedin: linkedin.com/in/jennifer-fraga-carvalho-163289161
Paloma Ferrer Gomez
Enfermeira do Projeto - Hospital Sírio-Libanês
Linkedin: linkedin.com/in/paloma-ferrer-gomez-181774125
Nauyla Miranda da Costa
Enfermeira do Projeto - Hospital Sírio-Libanês
Linkedin: linkedin.com/in/nauyla-miranda-da-costa-b34787156
Cristiane Aparecida Santos de Oliveira
Assistente Administrativo do Projeto - Hospital Sírio-Libanês
Linkedin: linkedin.com/in/cristiane-oliveira-634b1622