As chamadas “causas externas”, como acidentes de trânsito, queimaduras e homicídios, entre outros, são a terceira maior causa de óbitos no Brasil. Perdendo apenas para as doenças do aparelho circulatório e o câncer, elas correspondem a 12,9% de todas mortes registradas no país.
No mundo, a cada ano, aproximadamente 5 milhões de pessoas morrem por conta dessas lesões, principalmente durante as quatro primeiras décadas de vida. Desse modo, a violência e os acidentes impõem uma importante sobrecarga aos sistemas de saúde, gerando um impacto econômico e social substancial ao país.
Para avançar na vigilância das violências e acidentes no Brasil, o projeto TRAUMA busca elaborar um registro de causas externas para desenvolver estratégias de atenção, monitoramento e integração de informações, como a coleta padronizada dos dados. Assim, é possível produzir informações oportunas e de qualidade para orientar o planejamento e avaliação dos serviços, a revisão e a formulação de políticas de saúde e as ações de enfrentamento, além de responder às lacunas de conhecimento existentes.
O projeto TRAUMA visa integrar e compartilhar informações entre os serviços de atendimento por meio de uma base de dados unificada, atualizada instantaneamente, e um protocolo padrão de envio e consulta de dados (API) pelos sistemas de registro de vítimas de causas externas atendidas por serviços de urgência e emergência, que podem ou não evoluir para internação ou óbito. Os registros contém informações qualificadas e oportunas sobre lesões por violências e acidentes, que servem de apoio para o atendimento e a gestão. Isso permitirá melhorar o atendimento e embasar políticas públicas.
Objetivos do Plano Nacional de Saúde aos quais a iniciativa se vincula:
Benefícios aos SUS:
O projeto contribui com a criação de um banco de dados estratégico para auxiliar na tomada de decisões e na orientação de medidas assistenciais e políticas públicas. A organização acarreta na melhoria da prática assistencial e da segurança aos pacientes, contribuindo para a redução de mortes evitáveis por trauma.
Institucionalmente, o TRAUMA facilitará a vigilância de causas externas pela Secretaria de Vigilância em Saúde e o Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis, do MS (DASNT/SVS/MS). O acesso aos dados citados também permitirá intensificar os Projetos Estratégicos de Saúde Digital para o fortalecimento das Políticas de Saúde já consolidadas, além de valorizar e incorporar a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), o que representa um avanço expressivo no “uso de recursos de Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) para produzir e disponibilizar informações confiáveis, sobre o estado de saúde para quem precisa, no momento que precisa.”.
Na parte técnico-operacional, o sistema de compartilhamento de dados deve otimizar o atendimento dos pacientes na urgência e emergência. Também será possível aumentar a eficiência no registro das informações do atendimento, evitando o retrabalho no preenchimento do sistema, e a qualificação do Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (Viva) em todas as esferas, além de viabilizar o acesso a informações vitais pelos profissionais de saúde e atendentes e facilitar a apresentação de relatórios a gestores.
No âmbito social, o projeto pode melhorar o acesso dos cidadãos às suas informações de saúde, além de agilizar e melhorar a qualidade do atendimento prestado pelos serviços envolvidos e o usufruto de iniciativas para proteção nos aspectos relacionados aos acidentes e às violências.
O projeto realizará:
Os 5 locais de atuação participantes da versão piloto, nas 5 regiões do país, foram escolhidas pelos seguintes critérios:
O desenvolvimento do registro incluirá a definição do conjunto mínimo de dados, o modelo de interoperabilização das fontes de informação, os métodos de entrada, a gestão e a limpeza de dados, além das funcionalidades de análise. Ele será implantado e incorporado na prática profissional do atendimento, da vigilância e da gestão em saúde, de modo a qualificar, simplificar, automatizar e agilizar as rotinas e sistematizar a coleta de informações. A implantação do registro engloba a capacitação dos gestores locais e dos profissionais de saúde para utilizá-lo nos processos de atendimento, gestão e vigilância em saúde e análise dos dados.
O conjunto mínimo de dados esperado inclui informações relativas à identificação e caracterização do indivíduo, do atendimento pré-hospitalar e hospitalar, do evento, os procedimentos realizados, a internação e óbito. Os registros serão alimentados em cada ponto da atenção, respeitando a lógica do atendimento.
Principais Resultados:
O projeto conseguiu: captar as bases de dados dos principais sistemas de informação em saúde, integrar estes dados de forma automatizada, padronizar conceitos por meio de ontologias, identificar a mesma pessoa em diferentes sistemas por meio de linkage, e disponibilizar o resultado final em um banco de dados integrado. ainda foi desenvolvida uma série de dashboards que mostra o potencial do uso destes dados na vigilância em saúde. Juntamente com relatórios descritivos das entregas, relatórios de execução, e um relatório compreensivo sobre a história do projeto, que inclui as lições aprendidas.
Bruno Zoca de Oliveira - Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP - LinkedIn
Antonio Alexandre Mendes - Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP - LinkedIn
Bruno Zoca de Oliveira - Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP - LinkedIn
Daniel Scaldaferri Lages - Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP - LinkedIn
Diogo Ferreira Da Costa Patrao - Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP - LinkedIn
Julio Frias Dias - Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP - LinkedIn
Leonardo Lapa Pedreira - Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP - LinkedIn
SVS, Secretaria de Vigilância em Saúde