O Brasil é um país de proporções continentais, com grandes heterogeneidades e lacunas em relação ao acesso à saúde, à concentração de serviços de saúde e de profissionais médicos especializados. Além disso, a falta de acesso à saúde é um dos maiores indicadores de desigualdade social.
A fim de melhorar esse cenário, dentre outras estratégias, há a necessidade de implementar estratégias que impactem na Atenção Primária à Saúde (APS), nos processos de regulação do acesso, bem como na organização da atenção especializada. O uso da telemedicina tem potencial de economia para os sistemas de saúde, por tornar os atendimentos mais rápidos, reduzir custos com espaços, instalações físicas e transporte para regiões mais remotas.
Atuando no controle adequado das várias condições clínicas, também evitando complicações crônicas e agudas da condição base, e, assim, gerando indiretamente economia para o sistema por não precisar arcar com os custos de tais complicações. O diabetes mellitus é considerado um problema de saúde sensível à APS, representando muitos encaminhamentos para a especialidade de endocrinologia. Evidências demonstram que o bom manejo deste problema ainda na APS evita hospitalizações e mortes por complicações cardiovasculares e cerebrovasculares, além de acarretar a uma economia no orçamento.
Portanto, diante do exposto, há a necessidade de gerar evidências científicas confiáveis no contexto do SUS, da eficácia e da segurança da teleconsulta dentro do contexto da regulação e acesso.
Nesse sentido, o projeto TELEconsulta Diabetes visa conduzir uma pesquisa clínica para testar a hipótese que a teleconsulta é tão eficiente quanto o atendimento presencial de pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2, referenciados pela APS, para a atenção especializada do SUS. Para tanto, isso será feito mediante avaliação dos desfechos de eficácia e segurança definidos no protocolo científico do estudo.
Com a realização do estudo proposto, será possível, por meio da definição do diabetes mellitus como condição clínica adequada ao contexto, utilizar como base para a sustentação das recentes alterações legais quanto ao uso da teleconsulta em território nacional, com o objetivo de respaldar a regulação.
Justificativa e relevância do projeto para o SUS:
Confirmada a eficácia, será possível contribuir na promoção do acesso dos pacientes ao sistema de saúde pública, incluindo o acesso a médicos especialistas. Da mesma forma, poderá haver o incremento na resolubilidade das necessidades em saúde da população, rompendo a barreira geográfica que um país com dimensões continentais como o Brasil impõe na oferta e padronização da saúde, além do potencial de economia para os sistemas de saúde, podendo ser utilizada de forma segura e com qualidade.
A metodologia da iniciativa inclui o desenvolvimento de ensaio clínico randomizado, pragmático, fase 2, unicêntrico, aberto, de não inferioridade, com randomização central, sigilo de alocação e cegamento de analista de dados, para avaliar a eficácia e segurança do atendimento especializado por teleconsulta comparado ao atendimento presencial em pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2 encaminhados pela Atenção Primária à Saúde para a Atenção Especializada.
Serão incluídos 250 pacientes de ambos os sexos com idade acima de 18 anos, portadores de diabetes mellitus tipo 2 e em uso de insulina com HbA1c > 8. Serão excluídos para participarem do estudo pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 1, assim como pacientes portadoras de diabetes mellitus gestacional ou diagnosticada durante a gravidez e pacientes com clearance de creatinina estimado ou aferido abaixo de 30 ml/min/m2. Este tamanho amostral permitirá avaliar a não inferioridade de até 0,5% entre os grupos, assumindo um desvio padrão de 1,30.Dr. Álvaro Avezum Júnior Haliton Alves de Oliveira Júnior Dra. Daniela Laranja Gomes Rodrigues
Estatístico - Lucas Bassoli de Oliveira Alves
Analista de Sistema - Lucas Salomão