Utilizada por inúmeros países para ampliar a oferta de serviços de saúde, principalmente onde há vazios assistenciais, a telemedicina é definida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) no Brasil como forma de serviços médicos mediados por tecnologias e de comunicação, sendo o exercício da medicina mediado por Tecnologias Digitais, de Informação e de Comunicação (TDICs), para fins de assistência, educação, pesquisa, prevenção de doenças e lesões, gestão e promoção de saúde”, podendo ser realizada em tempo real on-line (síncrona), ou off-line (assíncrona).
É uma alternativa utilizada para ampliar a oferta de serviços de saúde, principalmente onde há vazios assistenciais, para fornecer assistência médica fora dos serviços de saúde tradicionais, nos casos em que a distância é um fator crítico para o acesso. O Brasil, por ser um país de magnitude continental, possui locais isolados e de difícil acesso, ocasionando distribuição extremamente desigual de recursos médicos de boa qualidade.
Apesar da necessidade e importância da realização de exames oftalmológicos para o cuidado integral à saúde ocular da população, muitas regiões do país carecem de médicos oftalmologistas, e os pacientes aguardam meses por uma avaliação especializada. Somente no interior do Rio Grande do Sul, em 2016 havia mais de 15 mil pessoas aguardando por uma consulta oftalmológica pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O tempo de espera estimado para o atendimento era, na época, de até 19 meses, sendo que uma das principais causas de demora no atendimento ocorre devido à baixa oferta de profissionais, decorrente da dificuldade de interiorização de médicos oftalmologistas.
Para atingir seus objetivos, o projeto implantou 08 consultórios remotos de alta tecnologia capazes de realizar a grande maioria dos diagnósticos oftalmológicos (retinopatia diabética, glaucoma, catarata e erros de refração). Os municípios sedes foram: Porto Alegre, Santa Rosa, Santa Cruz do Sul, Pelotas, Passo Fundo, Santiago e Farroupilha.
Tais consultórios foram coordenados à distância por oftalmologistas, responsáveis por orientar e supervisionar a realização dos exames, e foram operados localmente por uma equipe de técnicos de enfermagem e enfermeiros. Para avaliação do impacto do Projeto TeleOftalmo na saúde dos usuários do SUS, foram realizados estudos de custos, de qualidade diagnóstica e de satisfação dos pacientes em relação ao atendimento.
Em 2017, foram implantados oito consultórios remotos e duas salas de comando. De julho do mesmo ano (início do projeto, com abertura gradativa dos consultórios) até outubro de 2020 foram realizados mais de 30.000 atendimentos e disponibilizados 10.152 óculos à população, de forma gratuita. Das avaliações realizadas, 70% retornaram diretamente para o atendimento na rede de Atenção Primária à Saúde, sem a necessidade de encaminhamento para especialistas.
Os pacientes atendidos no Projeto TeleOftalmo foram encaminhados por meio de uma plataforma web pelos médicos da Atenção Primária à Saúde (APS). O telediagnóstico oftalmológico foi realizado via telemedicina síncrona, onde o oftalmologista, além de supervisionar toda a coleta de dados e imagens, interagia diretamente com o paciente e a equipe de enfermagem dos pontos remotos, controlando uma câmera robotizada de alta definição instalada em um computador com sistema telepresença. Além de operar remotamente a câmera robotizada, o oftalmologista comandava o refrator para a aferição da acuidade visual. Após a análise dos dados e imagens, o oftalmologista emitia o laudo via plataforma web para o médico solicitante, junto com as recomendações de conduta.
Para fim de avaliar o impacto do projeto, foram realizados três estudos: estudo de custos, que mensura os valores com a implantação e manutenção de cada consultório remoto; estudo de qualidade diagnóstica, que compara o laudo do exame médico à distância com o laudo do exame médico presencial; e o estudo de satisfação dos pacientes em relação ao atendimento prestado no consultório remoto.
Taís de Campos Moreira - Hospital Moinhos de Vento - Lattes
Maria Eulália Vinadé Chagas - Hospital Moinhos de Vento - Lattes Felipe Cezar Cabral - Hospital Moinhos de Vento - Lattes Márcio Gustavo Santanna - Hospital Moinhos de Vento Juliana Rodrigues Assis - Hospital Moinhos de Vento Simone De Araujo Santiago - Hospital Moinhos de Vento Ana Paula Da Silva Lopes - Hospital Moinhos de Vento Daiane Vanessa Noronha Micheli - Hospital Moinhos de Vento Luana Pereira Ribeiro - Hospital Moinhos de Vento Wagner Pereira da Rosa - Hospital Moinhos de Vento