Resumo

O projeto VERACIS avaliará as questões relacionadas às mudanças climáticas e aos fatores ambientais, com foco especial no impacto que ambos têm na saúde da população vivendo em condições de vulnerabilidade sócio-econômica. Para isso, a equipe do projeto atuará tanto em áreas urbanas, como favelas e comunidades urbanas, quanto rurais, como comunidades quilombolas, contemplando os seis biomas brasileiros: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal. O intuito é fornecer ao Sistema Único de Saúde (SUS) ferramentas e dados que ajudem na tomada de decisões para melhorar a saúde deste grupo.

Comumente, estas populações vulneráveis enfrentam riscos como:

  • poluição do ar e da água, falta de saneamento básico e calor extremo (em áreas urbanas) e
  • desmatamento, degradação da terra e eventos climáticos extremos (em áreas rurais).
  • Assim, ficam expostas a alta incidência de doenças respiratórias, cardiovasculares, e problemas relacionados ao calor, bem como sujeitas à insegurança alimentar e doenças transmitidas pela água.

    Atualmente, poucos projetos buscam dados específicos sobre como fatores climáticos impactam em microambientes, mostrando, ainda, como responder aos desafios com base em evidências. Por isso, o VERACIS dará suporte para traçar planos específicos e localizados, com a participação ativa das comunidades afetadas, para tentar reduzir os efeitos adversos das mudanças ambientais, com foco especial na população negra.

    De forma resumida, os principais objetivos do projeto são:

  • Identificar e avaliar: detectar subpopulações em áreas de alto risco e avaliar como mudanças climáticas e fatores ambientais impactam a saúde física e mental dessas comunidades.
  • Analisar condições ambientais: examinar as condições ambientais microbiológicas e químicas e como elas afetam a saúde, considerando o impacto dos fatores socioeconômicos.
  • Infraestrutura de dados: criar uma base de dados que compile informações sobre clima e meio ambiente, permitindo o monitoramento contínuo e antecipando riscos para melhorar a gestão dos recursos do sistema de saúde.
  • Redes de vigilância: estabelecer redes de vigilância participativas, com foco na educação e mobilização popular, usando ferramentas interativas com linguagem acessível.
  • Como objetivos específicos, o projeto buscará também:

  • Identificar vulnerabilidades: detectar áreas de alto risco para a saúde das populações devido às mudanças climáticas e condições ambientais. Isso inclui calcular as internações relacionadas a extremos climáticos, identificar comunidades urbanas e rurais com altos índices de doenças específicas, e mapear áreas com maior risco de desastres naturais e mortalidade infantil e materna.
  • Analisar impactos ambientais e climáticos: investigar os microrganismos presentes em águas de consumo e uso, avaliar a presença de metais tóxicos em amostras ambientais e humanas e identificar doenças associadas ao saneamento inadequado e mudanças climáticas.
  • Mapear saúde mental: mapear a saúde mental da população negra, incluindo aspectos como qualidade de vida e ecoansiedade - ansiedade e o estresse gerados pela percepção das mudanças climáticas e da degradação ambiental - formar profissionais para lidar com crises e avaliar a interação entre saúde mental, meio ambiente e mudanças climáticas.
  • Infraestrutura de dados: criar uma base de dados multidimensional - estrutura projetada para suportar análise e consulta de grandes volumes de informações de maneira eficiente, permitindo uma visualização detalhada e complexa dos dados - que integre informações sobre clima, meio ambiente e saúde. Isso inclui o uso de sensores ambientais e desenvolvimento de sistemas seguros em cloud computing, ou computação em nuvem.
  • Vigilância popular: capacitar a população a identificar e monitorar riscos relacionados às mudanças climáticas, usando materiais educativos e um mapa interativo com dados de saúde.
  • O projeto está alinhado com as metas do Plano Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, que visa ampliar e qualificar os serviços de saúde, reduzir desigualdades, promover o acesso a tecnologias e melhorar a gestão do SUS.


    Introdução

    O VERACIS se propõe a melhorar a coleta e disseminação de dados sobre a saúde populacional, destacar injustiças ambientais e a discriminação nas políticas e práticas ambientais que afetam desproporcionalmente algumas comunidades. Ele visa oferecer ao SUS e à população uma análise contínua da saúde, aumentar a resiliência do sistema de saúde e promover justiça ambiental e equidade.

    Entre os desafios para que o projeto conclua suas entregas está a falta de processamento e análise informações organizadas sobre o impacto do clima e do meio ambiente na saúde, ajudando na tomada de decisões com base em dados. Desta forma, esta lacuna limita a capacidade dos gestores de otimizar a alocação de recursos e melhorar os serviços de saúde. Além disso, a integração de dados ambientais e de saúde é rara, e uma plataforma para coleta em tempo real de informações climáticas e de poluição é necessária para chegar à análises eficazes.

    Com relação aos benefícios que o projeto trará para o SUS, é possível citar alguns como:

  • Saúde da População: identificar microrganismos em águas e avaliar presença de metais em amostras permitirá ao SUS adotar ações preventivas e direcionar recursos para combater doenças.
  • Saúde da População Negra e Iniquidades Étnico-Raciais: identificar territórios vulneráveis às mudanças climáticas e ambientais ocupados por populações vulneráveis, oferecendo atenção direcionada e alocação de recursos resultará em justiça ambiental e redução de iniquidades.
  • Saúde Mental: mapear as condições de saúde mental permitirá um planejamento adequado para assistência psicossocial e ações preventivas. Até 2026, o projeto capacitará até 500 profissionais de saúde mental em formato EAD.
  • Saúde do Trabalhador: analisar a interação entre mudanças climáticas e saúde mental do trabalhador ajudará a criar abordagens exclusivas para as necessidades desta população.
  • Internações Hospitalares: entender a relação entre variações climáticas e internações, apontando regiões críticas, possibilitará reorganizar os serviços de saúde.
  • Extremos Climáticos de Temperatura: analisar a carga atribuível a extremos climáticos ajudará a preparar campanhas de alerta e otimizar a resposta dos serviços de saúde a eventos extremos.
  • Informação e Infraestrutura de Dados: estimar a incidência de doenças, a alocação de recursos e a adoção de uma abordagem baseada em dados para ações preventivas e tratamentos.
  • Vigilância Participativa: a mobilização e educação da população permitirá uma melhor compreensão do impacto local das mudanças climáticas na saúde, promovendo a centralidade do cuidado e garantindo a longevidade das ações.

  • Métodos

    A metodologia do projeto será implementada da seguinte forma:

  • Participação Técnica: a equipe do Departamento de Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador, órgão da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde (DSAST/SVSA/MS), ajudará a formular o edital e selecionar profissionais, garantindo a inclusão de especialistas em questões raciais e ambientais.
  • Ética em Pesquisa: pesquisa e atuação territorial seguirão as normas éticas, sob aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa.
  • Objetivo Específico 1: Identificação de Vulnerabilidades:
  • Carga de Internações: analisar como eventos climáticos extremos (calor e frio) afetam internações hospitalares na população negra em áreas urbanas, usando o modelo estatístico Distributed Lag Non-Linear Model (DLNM) - ferramenta adotada para analisar e modelar a relação entre uma variável dependente (como a taxa de hospitalizações) e uma variável independente (como a temperatura ambiente), considerando efeitos ao longo do tempo e de maneira não linear -  para avaliar o risco de internações devido a variações de temperatura.
  • Doenças Específicas: identificar áreas de alto risco para doenças como falciforme, tuberculose, malária, leishmaniose tegumentar americana e diabetes, utilizando dados do SINAN e SIHSUS e realizando análises espaciais para detectar aglomerados de risco.
  • Mortalidade Infantil e Materna: Aplicar metodologia de análise espacial para identificar áreas de alto risco para mortalidade infantil e materna.
  • Desastres Naturais: Mapear comunidades vulneráveis a desastres naturais e danos associados a eventos extremos como secas e inundações, usando dados do IBGE e a plataforma Adapta Brasil.
  • Condições Sensíveis à Atenção Primária (ICSAP): estudar a relação entre condições climáticas, socioeconômicas e Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária (ICSAP) - indicador usado para avaliar a eficácia da Atenção Primária à Saúde (APS) em um sistema de saúde. Usar dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) e do DATASUS para criar uma base multivariada e realizar análises espaço-temporais para identificar regiões críticas e como a população negra é impactada.

  • Resultados

    O projeto busca analisar a situação de saúde de populações vulneráveis, com foco na população negra, levando em conta as iniquidades em saúde e sua relação com fatores socioambientais e climáticos nos seis biomas do Brasil. O objetivo é fornecer ao SUS ferramentas analíticas e dados para melhorar a saúde dessas populações. Especificamente, o projeto pretende identificar territórios de vulnerabilidade sanitária e ambiental em áreas de maior concentração da população negra, calcular a carga de internações devido a eventos climáticos extremos, mapear áreas de alto risco para doenças e mortalidade materna/infantil, e avaliar a exposição a desastres naturais e condições sensíveis à atenção primária.


    Equipe

    • Hospital Israelita Albert Einstein





    Indicadores

    6
    Quantidade de profissionais
    envolvidos em atividades de gestão

    Instituições

    • São Paulo

      hospital israelita albert einstein

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