Assistência Médica Especializada nas Regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil por meio de Telemedicina
O Brasil, com uma área de 8.510.417,771 km², é um dos maiores países do mundo. A região Norte abrange cerca de 45% do território, e a Centro-Oeste, aproximadamente 18,5%, totalizando 64%. Essa vastidão geográfica traz desafios na saúde, resultando em vazios assistenciais, com longas distâncias entre áreas remotas e centros urbanos, causando filas e comprometendo a eficiência do Sistema Único de Saúde (SUS). O projeto TeleAMES busca mitigar esses problemas por meio da telemedicina, melhorando o acesso a atendimento especializado. Ele fortalece a Atenção Primária em Saúde (APS) no Brasil, conectando médicos especialistas e pacientes para teleinterconsultas eletivas, aumentando a qualidade do cuidado nas regiões Norte e Centro-Oeste.
A telemedicina utiliza tecnologias de informação e comunicação ofertando serviços de saúde à distância, visando a agilidade no diagnóstico, possibilitando em muitas vezes a prevenção e tratamento de doenças. Essa prática, alinhada aos princípios do SUS, como equidade e universalidade, permite transferir conhecimento de centros especializados como o Hospital Israelita Albert Einstein às instituições com limitações de equipe médica especializada, melhorando a assistência clínica de saúde em um país de grandes proporções geográficas como o Brasil.
Esta interlocução promove a transferência de conhecimento entre o médico especialista Einstein e o médico da APS aprimorando o encaminhamento do paciente e indiretamente apoiando a gestão de rede citada no livro Desafio do SUS – Gestão e Redes, publicado em dezembro de 2019 “Metodologicamente, significa operar com modelos de melhoria, gerenciamento de processos e educação permanente de forma ativa, por meio de oficinas e tutorias, envolvendo equipes multi e interdisciplinares, essenciais para atender as necessidades de saúde da população, razão de ser de qualquer sistema de saúde”.
Fortalecer a Atenção Primária à Saúde e contribuir para a estruturação da Rede de Atenção à Saúde (RAS) no SUS é o objetivo principal deste projeto, através de ferramentas digitais e interoperabilidade de informações entre instituições. Além disso, o projeto está alinhado aos objetivos do PlanificaSUS, transformando a cultura das organizações de saúde com foco na segurança do paciente e implementação de melhorias em seus processos.
Neste projeto, é disponibilizado uma agenda geral para a realização dos atendimentos das 12 especialidades clínicas médicas, sendo: Neurologia, Endocrinologia, Gastroenterologia, Infectologia, Pneumologia, Cardiologia, Psiquiatria, Reumatologia, Pediatria, Neurologia Pediátrica, Endocrinologia Pediátrica e Gastroenterologia Pediátrica.
O SUS desde a sua criação em 1990, considerado como um dos maiores programas públicos de saúde do mundo, apoiado pelo Ministério da Saúde (MS), Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) e Conselho Nacional de Secretarias municipais de Saúde (CONASEMS), busca inovação e aprimoramento constantes visando erradicar estes vazios assistenciais que ainda persistem em nosso País. Frente as ações de maior relevância, podemos citar o Programa Nacional de Imunizações, Controle do Tabagismo, Estratégia Saúde da Família (ESF), Programa Mais Médicos (PMM) e Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS). Necessário salientar que o sistema, por mais completo e complexo que seja, apresenta uma descentralização trazendo ainda mais desafios de consolidação da oferta de serviços de saúde, buscando sempre garantir as diretrizes da integralidade e equidade do cuidado.
O principal benefício do projeto de Telemedicina é direcionado diretamente à população atendida, permitindo que os agendamentos sejam agilizados e as filas de espera para atendimentos presenciais sejam reduzidas. O atendimento é realizado no próprio município do paciente, garantindo qualidade no serviço e o encaminhamento adequado para o tratamento necessário. Com o TeleAMES, 97% das transferências de pacientes para a Atenção Especializada foram evitadas. As especialidades oferecidas foram criteriosamente selecionadas para atender às necessidades da população e reduzir as filas de regulação nos estados participantes.
Além disso, a teleinterconsulta cria um ciclo virtuoso na Atenção Primária. O médico generalista da UBS, ao interagir diretamente com o médico Especialista da Telemedicina Einstein, tem acesso a informações qualificadas, permitindo uma abordagem terapêutica mais assertiva para cada paciente. Isso resulta em uma Atenção Primária mais eficiente e resolutiva, com encaminhamentos mais precisos e um maior empoderamento da equipe de saúde local.
O Plano de Trabalho para o triênio 2024-2026, segue a metodologia de gerenciamento de projetos, conforme preconizado no Guia PMBOOK® (Project Management Body of Knowledge) publicado pela Project Management Institute (PMI), sendo:
A equipe de Projetos da Telemedicina Einstein estabelece parcerias com as Secretarias Estaduais de Saúde para identificar quais Unidades de Saúde são elegíveis para participação no projeto, após análise estas unidades são avaliadas pela equipe da SEIDIGI do Ministério da Saúde e inicia-se a implantação do projeto na unidade, ocorrendo neste momento o treinamento e acesso a plataforma de Telemedicina Einstein.
Seguindo o fluxo operacional a Unidade de Saúde participante, ao identificar a necessidade de atendimento especializado durante a consulta com o médico local, realiza o encaminhamento para a especialidade correspondente. A localidade, então, agenda a teleinterconsulta por meio da plataforma Sistema Telemedicina Einstein. Durante a teleinterconsulta, o especialista, em parceria com o médico local, avalia as necessidades do paciente e, juntos, definem o tratamento mais adequado, sempre fundamentado nas melhores evidências científicas e considerando os recursos disponíveis na localidade e região geográfica.
O projeto aprovado pelo Ministério da Saúde em 2020, realizou a implantação e manutenção de 120 (cento e vinte) pontos oficiais para atendimento das especialidades médicas para Unidades Básicas de Saúde (UBS) e/ou Casas de saúde indígena em municípios da região Norte do Brasil. Após 2 anos do início da implantação do projeto na Região Norte do Brasil, foi demandada ampliação do projeto para a região Centro-Oeste do Brasil.
Encerrando o triênio 2021-2023, o projeto realizou a implantação e monitoramento em 308 pontos implantados na região Norte e Centro-Oeste do Brasil. No primeiro semestre do atual triênio 2024-2026, o projeto ampliou sua abrangência em 397 pontos implantados.
No fim do último triênio (2021-2023) o projeto encerrou o período com a realização de mais de 181 mil teleinterconsultas, com 110 mil pacientes únicos atendidos e 321 pontos ativos. No primeiro semestre do atual triênio (2024-2026), somando com o triênio anterior o projeto já atingiu a marca de 270 mil teleinterconsultas, ampliando sua abrangência para 397 pontos implantados nos municípios brasileiros das regiões Norte e Centro Oeste.
A Neurologia Pediátrica é a especialidade mais demandada, representando 25% dos atendimentos realizados. Em seguida, destacam-se a Neurologia Adulto, com 16%, na sequência estão a Cardiologia e a Psiquiatria, cada uma responsável por 15% dos atendimentos. No primeiro semestre de 2024, o Net Promoter Score (NPS) da pesquisa de satisfação atingiu 91, classificando o projeto na Zona de Excelência na opinião dos pacientes. Além disso, 99% dos respondentes afirmaram que suas necessidades foram plenamente atendidas durante os atendimentos realizados pelo projeto TeleAMES.
Carlos Henrique Sartorato Pedrotti - Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP – Lattes - http://lattes.cnpq.br/5526700156691296 e https://www.linkedin.com/in/carlos-pedrotti/
Renata Albaladejo Morbeck - Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP – Lattes http://lattes.cnpq.br/8486314476134292e LinkedIn https://www.linkedin.com/in/renata-albaladejo-morbeck-9b459167/
Operacional
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