De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de pulmão é o segundo mais comum entre os brasileiros, perdendo apenas para o câncer de pele não melanoma. Desde 1985, é o primeiro em todo o mundo, tanto em incidência quanto em mortalidade.
Em estágio inicial, muitos tipos de câncer podem ser controlados e até mesmo eliminados por meio de cirurgia, quimioterapia e radioterapia. Já as formas mais avançadas ou metastáticas, quando a doença atinge mais de uma parte do corpo, só podem ser combatidas com medicamentos e outras tecnologias de custos mais altos.
Nesses casos, uma possibilidade de tratamento é a utilização das imunoterapias, medicamentos inovadores, também chamados de drogas anti-PD1 e anti-PD-L1, que ajudam o sistema de defesa do corpo a combater o tumor. Atualmente, três delas são aprovadas no Brasil: os antagonistas de PD-1 pembrolizumabe e nivolumabe e o antagonista de PD-L1 atezolizumabe.
Os medicamentos se mostraram superiores em relação à quimioterapia convencional quanto à sobrevida mediana, chegando a 22 meses em populações selecionadas. Além disso, apresentaram menor toxicidade e menores taxas de internação hospitalar, tornando-se padrão de tratamento no mundo e na saúde suplementar brasileira.
Diante disso, o projeto BLISS analisa a viabilidade de introduzir as imunoterapias como uma nova estratégia para o tratamento de câncer de pulmão metastático no SUS para, em seguida, criar um guia com as melhores alternativas para os pacientes.
O estudo é realizado no Hospital Municipal Vila Santa Catarina - Dr. Gilson de Cássia Marques de Carvalho, que fica sob a gestão da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein. O público-alvo é composto por pacientes com câncer de pulmão de células não-pequenas metastático, que não são candidatos à cirurgia ou radioterapia e foram referenciados para o serviço de oncologia clínica dessa unidade hospitalar por meio do Sistema Integrado de Gestão de Atendimento (SIGA) da prefeitura de São Paulo.
Os pacientes devem receber medicações endovenosas, que podem ser usadas de forma isolada ou combinadas com quimioterapia. Elas permitem que o sistema imune do paciente reconheça tumores e os destrua.
À princípio, o objetivo é determinar os custos diretos e os desfechos de um protocolo de atendimento de câncer de pulmão de células não-pequenas com metástase, que envolve quimioterapia convencional e imunoterapia em primeira e segunda linhas, de acordo com as indicações atuais de bula. Outro objetivo é comparar custos e desfechos entre o pembrolizumabe e a quimioterapia no tratamento de primeira linha e relatar variáveis associadas ao maior custo no tratamento de segunda linha com imunoterapia.
No total, serão tratados 153 pacientes do SUS que atendem aos requisitos do estudo, recrutados por critérios clínicos obtidos por meio de diversas avaliações e exames diagnósticos. É a biópsia de todos os pacientes que, de acordo com o resultado, definirá o tratamento com quimioterapia, imunoterapia com drogas anti-PD1 e anti-PD-L1 ou drogas-alvo.
Conforme os pacientes forem tratados, serão coletados dados da eficácia e da toxicidade do tratamento, além dos custos de manutenção dos medicamentos, exames, consultas e internações. Assim, será possível determinar se as drogas anti-PD1 e anti-PD-L1 funcionam na população do SUS e, também, que porção dos pacientes deve receber tal tratamento, quais são as complicações esperadas e os custos associados.
Grupos de pacientes:
Os três grupos serão acompanhados durante todas as fases das linhas de tratamento: estadiamento, primeira, segunda e terceira ou mais linhas de tratamento, se necessário, até que sejam extintas as intervenções terapêuticas.
Principais Resultados:
Dr. Diogo Bugano Diniz Gomes - Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP - Lattes
Dra. Vanessa Montes Santos - Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP - Lattes
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