As infecções pelo HPV atingem cerca de 11,7% da população mundial, podendo chegar a afetar 50% da população em determinadas faixas etárias. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam uma prevalência ainda maior para a região das Américas. A infecção por HPV de alto risco é associada a vários tipos de câncer, tais como o câncer de colo uterino, pênis, vulva, canal anal e orofaringe, estimando-se que cerca de 5% de todos os casos de câncer sejam atribuídos a infecções por HPV.
No Brasil, o câncer de colo de útero é o terceiro tumor mais incidente, sendo os papilomavírus tipos 16 e 18 responsáveis por, pelo menos, 70% dos cânceres cervicais em todo o mundo. Adicionalmente, o número de casos de câncer de orofaringe associado ao HPV, incluindo base da língua e amígdalas, vem crescendo a níveis epidêmicos, principalmente em países desenvolvidos e em homens jovens, apesar da redução global do consumo de cigarro e álcool.
Assim, tem se observado uma diminuição no número de casos de câncer associados a esses fatores, e um aumento do número de casos de câncer de orofaringe, associado à presença de HPV, com estimativas de que 70-80% dos casos nos Estados Unidos sejam atribuídos ao HPV. O crescimento deste tipo de tumor tem sido de cerca de 5% ao ano nos países desenvolvidos, com estimativas de que em 2020 o câncer associado aos tumores de orofaringe tenha ultrapassados os tumores de colo uterino.
No Brasil, são esperados 11.180 novos casos de tumores de cavidade oral, incluindo orofaringe, amígdala e base da língua, em homens e 4.010 casos em mulheres para cada ano do triênio 2020-2022, quase alcançando o número de casos de câncer de colo uterino (6.540 em mulheres). O aumento da incidência de câncer de orofaringe induzido por HPV tem sido associado a modificações no comportamento sexual, com uma incidência quatro vezes maior em homens.
Profissionais do sexo, que apresentam um potencial alto para infecção por HPV, apresentam baixa incidência de câncer de orofaringe, evidenciando as inconsistências na literatura e a necessidade de estudos para melhor entendermos o processo de transmissão do vírus do HPV e doenças associadas. O conhecimento dos efeitos causados pelo vírus na saúde humana, o entendimento das suas formas de transmissão e a identificação de fatores associados à sua distribuição são imprescindíveis para o controle da infecção e desfechos associados.
As estratégias de prevenção primárias incluem intervenção comportamental, visando informar, educar e comunicar a importância da modificação e adoção de comportamentos sexuais seguros, e programas de vacinação contra o HPV, enquanto a prevenção secundária inclui o programa de rastreamento de infecção por HPV.
Em 2014 foi iniciado o Programa Nacional de vacinação para o HPV, usando a vacina quadrivalente, que contém os tipos 6, 11, 16 e 18 associados a verrugas genitais e neoplasias cervicais. A vacinação contra o HPV tem sido preconizada como método de prevenção primário do câncer de colo uterino. No entanto, como os dados existentes sobre a associação entre HPV e câncer de orofaringe ainda divergem entre os diferentes países ou são inexistentes em um grande número deles, a prevenção primária ainda não está estabelecida. A avaliação da efetividade da vacinação estabelecida no Brasil é imprescindível para a projeção do seu impacto na incidência de câncer no Brasil e planejamento de ações para o enfrentamento da doença.
O projeto irá avaliar diferentes aspectos associados à infecção por HPV, como o impacto da vacinação no Brasil (prevenção primária do câncer de colo uterino associado à infecção), como também o impacto da doença como indutora de outros tipos de câncer, como o de cabeça e pescoço.
Iniciado e desenvolvido no triênio 2015-2017, o estudo POP-Brasil é um painel de estudos transversais, realizados em intervalos regulares, com indivíduos de 16 a 25 anos de idade e vida sexual ativa. O estudo engloba todas as capitais brasileiras e o Distrito Federal, com coleta de dados realizada em Unidades Básicas de Saúde, para avaliar a prevalência de HPV genital e oral e os tipos de vírus mais prevalentes.
O estudo SMESH é um estudo transversal que avalia a prevalência de HPV e fatores associados, mas com foco em indivíduos com alto risco de infecção (parceiros de pacientes com câncer de orofaringe, profissionais do sexo e gays/homens que fazem sexo com homens).
Já o STOP-HPV investiga a associação entre infecção por HPV e câncer de cabeça e pescoço através da avaliação de indivíduos com câncer de orofaringe, que são comparados com o mesmo número de indivíduos sem câncer.
Objetivos do Plano Nacional de Saúde aos quais o projeto se vincula:
Políticas públicas vinculada:
Benefícios aos SUS:
O projeto fornecerá importantes informações para o planejamento de ações para o direcionamento da vacinação contra o HPV no país, avaliando o impacto da vacinação em diferentes grupos populacionais e fornecendo subsídios para a política de vacinação contra o HPV no país. As informações acerca da associação entre HPV e câncer de orofaringe permitirão identificar populações de maior risco como também marcadores precoces da doença, avaliando a possibilidade de identificação de indivíduos de maior risco.
Os dados gerados são usados pelo Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DCCI), do Ministério da Saúde, para a formulação de políticas públicas e para a tomada de decisão, melhorando a eficiência dos serviços, apontando lacunas na assistência, ou mesmo servindo de base para implementação de novas tecnologias que possam diminuir eventos adversos e/ou impactar diretamente na mortalidade por câncer da população brasileira.
As informações sobre o impacto da vacinação serão usadas pelo PNI para adequação da política de vacinação contra o HPV no Brasil. Os resultados esperados têm o potencial de causar grande impacto nas políticas públicas e na ciência, tanto no nível nacional como internacional, na medida em que trará respostas inéditas a questões controversas da literatura.
Estudo STOP:
Avalia homens e mulheres acima de 18 anos com diagnóstico confirmado de carcinoma escamoso de orofaringe, recrutados em hospitais de referência, durante o período do estudo. Serão incluídos ao menos dois hospitais de cada região do Brasil. Os resultados encontrados proporcionarão um melhor entendimento sobre a associação a infecção por HPV e o câncer de orofaringe, possibilitando a identificação de indivíduos de risco e gerando hipóteses para o uso de medidas preventivas ou de rastreamento em grupos populacionais específicos. Eles também poderão ser comparados a estudos futuros, se constituindo em uma linha de base para estudos de seguimento e sobrevida associados a presença de HPV ou mesmo uso de diferentes terapias.
Estudo SMESH:
Avalia companheiros do estudo STOP, além de populações consideradas de alto risco, como profissionais do sexo e homens homossexuais acima de 18 anos, recrutados através de técnicas apropriadas para a investigação de grupos específicos como a RDS (Respondent Driven Sampling) com pontos de partida em cinco diferentes cidades, preferencialmente, uma em cada região do Brasil.
Os resultados encontrados proporcionarão um dimensionamento da infecção pelo HPV no Brasil, além de gerar hipóteses e resultados que poderão contribuir para a elucidação das vias de transmissão do vírus. Eles também poderão ser comparados a estudos futuros, se constituindo em uma linha de base para o monitoramento da infecção no país e servindo de subsídio para estudos de viabilidade e novas indicações da vacina, atualmente indicada somente para a prevenção de infecção genital.
Estudo POP 2:
Durante o triênio 2015-2017 foi realizada a linha de base para a estimativa da efetividade da vacinação contra o HPV no Brasil. Após 3 anos, uma nova coleta, usando a mesma metodologia está sendo realizada para determinar a diminuição da prevalência e persistência da infecção em indivíduos vacinados. Uma amostra de jovens de 16 a 25 anos, de ambos os sexos está sendoinvestigada para determinar a presença do vírus em região genital e anal, e responderão a um questionário sobre fatores sociodemográficos e comportamentais associados a infecção. Uma amostra de sangue também será coletada para a realização de testes de anticorpos específicos contra HPV incluídos na vacina. A pactuação com centros de coleta bem como o estudo piloto foram iniciados no triênio 2018-2020.
O projeto deverá avaliar todo o território nacional, através de amostragem em capitais do Brasil, contemplando mulheres e homens de 16 a 25 anos que já tenham tido relações sexuais e que procurarem a sua Unidade Básica de Saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) para consultas/procedimentos de rotina ou que forem convidados a comparecer a Unidade de Saúde pelos profissionais de saúde locais. Aqueles que forem vacinados não serão excluídos do estudo, mas seu status vacinal será anotado.
Inscrições:
Para participar dos estudos, entre em contato pelos telefones abaixo.
Telefone fixo: (51) 3314-3600 - somente ligação.
Whatsapp e ligação: (51) 99819-8510 - ligação e whatsapp.
Estudo STOP
Estudo SMESH
Estudo POP Brasil 2
Eliana Marcia Wendland - Hospital Moinhos de Vento, Porto Alegre Lattes
Aline Gasparotto - Hospital Moinhos de Vento, Porto Alegre Lattes
Ana Paula Muterle Varela - Hospital Moinhos de Vento, Porto Alegre Lattes
Camila Bonalume Dall' Aqua - Hospital Moinhos de Vento, Porto Alegre Lattes
Carlos Pilz - Hospital Moinhos de Vento, Porto Alegre Lattes
Fernanda Pereira - Hospital Moinhos de Vento, Porto Alegre Lattes
Fernando Hayashi - Hospital Moinhos de Vento, Porto Alegre Lattes
Lilian Solera - Hospital Moinhos de Vento, Porto Alegre Lattes
Natália Luiza Kops – Hospital Moinhos de Vento, Porto Alegre Lattes
Paulo Rocha Dornelles Junior - Hospital Moinhos de Vento, Porto Alegre Lattes
Rafael Steffens - Hospital Moinhos de Vento, Porto Alegre Lattes
Tássia Rolim Camargo - Hospital Moinhos de Vento, Porto Alegre Lattes
Suelen Machado dos Santos - Hospital Moinhos de Vento, Porto Alegre Lattes
Participaram anteriormente do projeto:
Antonella Jacobsen Kaul, Bruna Vieira Fernandes, Dérik Midon Martins, Frederico Soares Falcetta, Giovana Petracco de Miranda, Glaucia Fragoso Hohenberger, Isabel Cristina Bandeira da Silva, Jaqueline D. C. Horvath, Juliana Caierão, Juliana Comerlato, Marina Bessel, Michele Novakowski Rocho, Milena Mantelli Dall Soto, Natalia Trindade Cardoso, Silvia Pauli, Thais Baptista, Tiago Diego Fetzner
Centers for Disease Control and Prevention (CDC), Estados Unidos Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), São Paulo, SP Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Porto Alegre, RS Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS Grupo Hospitalar Conceição (GHC) de Porto Alegre, Porto Alegre, RS
Secretarias Municipais envolvidas na coleta de dados: - Secretaria de Saúde do Distrito Federal, DF - Secretaria Municipal de Saúde de Aracaju, SE - Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, MG - Secretaria Municipal de Saúde de Boa Vista, RR - Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande, MS - Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá, MT - Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba, PR - Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis, SC - Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, CE - Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia, GO - Secretaria Municipal de Saúde de João Pessoa, PB - Secretaria Municipal de Saúde de Macapá, AP - Secretaria Municipal de Saúde de Maceió, AL - Secretaria Municipal de Saúde de Manaus, AM - Secretaria Municipal de Saúde de Natal, RN - Secretaria Municipal de Saúde de Palmas, TO - Secretaria Municipal de Saúde de Porto Velho, RO - Secretaria Municipal de Saúde de Recife, PE - Secretaria Municipal de Saúde de Rio Branco, AC - Secretaria Municipal de Saúde de Salvador, BA - Secretaria Municipal de Saúde de São Luís, MA - Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, SP - Secretaria Municipal de Saúde de Teresina, PI - Secretaria Municipal de Saúde de Vitória, AE - Secretaria Municipal de Saúde do Pará, PA - Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, RJ
Departamento de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis Programa Nacional de Imunizações (PNI)