As medidas de isolamento social adotadas durante a pandemia da covid-19 contribuíram para a redução drástica de circulação de outros vírus respiratórios, como o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), responsável pela maioria dos casos de infecções respiratórias em bebês, e para os vírus Influenza A e Influenza B, durante o período de outono e inverno no ano de 2020, no estado do Rio Grande do Sul.
Esta foi a principal conclusão do estudo “Absence of detection of RSV and influenza during the pandemic in a Brazilian cohort: Likely role of lower transmission in the community” ¹. O artigo foi publicado no Journal of Global Health, periódico científico revisado por pares publicado pela Edinburgh University Global Health Society, e faz parte do estudo COVIDA, liderado pelo Hospital Moinhos de Vento em parceria com o Ministério da Saúde e os Laboratórios de Imunoterapia e Imunovirologia da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA). A iniciativa é realizada via PROADI-SUS.
O estudo foi prospectivo e realizado com o objetivo de analisar o impacto da pandemia de Covid-19 em adultos e crianças e verificar a sua relação com outras doenças comuns de inverno, além de estudar os perfis de risco dessas doenças². O recorte incluiu população adulta (1137 participantes) e pediátrica (298 crianças) que buscavam atendimento no Hospital Moinhos de Vento e Hospital Restinga Extremo Sul devido aos sintomas sugestivos de Covid-19 em 2020.
Os testes RT-PCR para SARS-CoV-2, influenza A, influenza B e VSR foram realizados para todos os participantes, sendo que o vírus da Covid-19 foi positivo em 32,7% dos casos, enquanto influenza e VSR não foram detectados.
O responsável técnico pelo estudo no Hospital Moinhos de Vento, Dr. Renato Tetelbom Stein, explica que, por esses serem vírus comuns sazonais, e por terem certa semelhança em transmissibilidade com o SARS-CoV-2, as medidas de distanciamento, uso de máscaras e o hábito de lavar as mãos com frequência exerceram um grande impacto na disseminação desses outros vírus respiratórios.
“Há mais de um ano, enfrentamos uma pandemia de uma doença totalmente nova, o que demanda produção científica contínua que possibilite o melhor entendimento do vírus e suas formas de disseminação, para combatê-lo de forma eficaz, além da criação de uma cultura de vigilância epidemiológica ativa”.
Referências: