Por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS) e em parceria com o Ministério da Saúde, o Hospital Sírio-Libanês conduz o projeto Sepse: identificação e tratamento precoce de pacientes adultos nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA 24h). O objetivo da iniciativa é ampliar a capacitação das equipes destas unidades na implementação e aplicação efetiva de protocolos que permitam o reconhecimento, diagnóstico e tratamento precoces da síndrome. Com início no triênio passado (2018-2020), atualmente fazem parte do projeto 64 UPAs localizadas em 21 estados e no Distrito Federal.
De acordo com Marco Antônio Saavedra Bravo e Carina Tischler, que lideram a iniciativa, a atuação visa, ainda, controlar dados alarmantes: com 670 mil casos por ano, o Brasil conta com uma das maiores taxas de mortalidade por sepse no mundo e, destes, 50% resultam na morte do paciente (levantamento feito pelo Instituto Latino-Americano de Sepse (ILAS). Além disso, um estudo realizado pelo instituto em 74 hospitais de todo o país mostrou que a taxa de mortalidade nos prontos-socorros públicos é mais do que o dobro da registrada nos privados (42,2% contra 17,7%).
“Os fatores que explicam essa diferença são a demora do paciente em acessar o serviço de saúde, o diagnóstico tardio, o tratamento inadequado, bem como a falta de leitos de UTI e de outros recursos. A transferência do doente com sepse para a Unidade de Terapia Intensiva nas primeiras 24 horas, por exemplo, está associada ao aumento das chances de sobrevida. E o projeto que lideramos tem como principal meta, por meio da capacitação dos profissionais das UPA, impactar diretamente no desfecho clínico do paciente, reduzindo morbidade e mortalidade”, afirma Tischler.
Como o projeto funciona
Iniciado em abril deste ano, o novo triênio capacitará profissionais de 95 UPAs, sendo 28 de continuidade, divididas em dois ciclos com duração de 18 meses cada. "A capacitação ocorrerá quanto aos quatro Rs: reconhecer, ressuscitar, reavaliar e referenciar, princípios que contemplam o atendimento ao paciente em suspeita de sepse, além de conceitos e ferramentas da qualidade e do método utilizado. Utilizamos, entre outras ações, a ‘estratégia semáforo’, que tem por objetivo trabalhar as equipes de acordo com seu grau de desenvolvimento e maturidade nas atividades propostas. No grupo vermelho, as equipes irão desenvolver, através de testes em pequena escala, a etapa do reconhecimento. No amarelo, as etapas de ressuscitação e reavaliação, enquanto, no verde, a etapa de referenciamento", explica Saavedra Bravo.
As demais estratégias de capacitação irão contar com Sessão de Aprendizagem Presencial (SAP), Sessão de Interação Virtual (SIV) e Sessão de Aprendizagem Virtual (SAV), podendo ser individuais ou em grupos; visitas presenciais e virtuais; relatório mensal e monitoramento das atividades; coleta de dados e indicadores; interações e discussões pertinentes para as equipes por contato telefônico, grupos de WhatsApp e e-mail diariamente; e confecção e disponibilização de material de apoio.
No triênio passado, mais de 1,5 mil profissionais foram capacitados, mais de 4 mil pacientes foram reconhecidos com risco de sepse e 1.405 foram tratados de forma precoce. Com atuação em 35 unidades participantes, 77% delas alcançaram o resultado pactuado na alteração de plano de trabalho, conseguindo adotar o reconhecimento da suspeita do quadro em sua totalidade e priorizando o processo a partir da classificação de risco.