Pela primeira vez, o Sistema Único de Saúde (SUS) terá um banco de dados universal para armazenamento e análise de exames realizados em qualquer lugar do país, com capacidade de compartilhamento de 10 mil exames por dia entre as unidades de saúde. A iniciativa contará, ainda, com um aplicativo que irá digitalizar os exames para a nuvem com redução de custos para o centro diagnóstico e para o SUS.
Denominado Banco de Imagens, o projeto é uma realização do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (PROADI-SUS), conduzido pelo Hospital Israelita Albert Einstein, em parceria com o Ministério da Saúde. Já testada, a plataforma está em fase de validação dos algoritmos.
De acordo com o Dr. Pedro Vieira Santana Netto, coordenador médico da plataforma de Inteligência Artificial do Sistema Único de Saúde Brasileiro no Einstein e líder do projeto, atualmente, boa parte das instituições de saúde tendem a deletar os exames realizados, não deixando registros de imagem, somente relatórios de análise, devido a falta de estrutura para o armazenamento de dados. “Para contornar este cenário, nosso grupo de pesquisadores desenvolveu, no último triênio, um modelo que pudesse ser facilmente inserido na rotina de trabalho dos profissionais da saúde, sem burocratizar processos, inclusive reduzindo custos”, conta.
Como primeiro passo, foram treinados algoritmos para lerem raio-X de tórax para os casos de tuberculose, tomografia de crânio para casos de Zika e fotos de pele para melanoma, doenças que trazem desafios assistenciais ao SUS devido a dificuldade no diagnóstico. Agora, a equipe está realizando parcerias com startups, universidades e unidades de saúde para validar os resultados adquiridos até o momento.
"Além de armazenar, vamos interpretar esses exames e oferecer uma análise por estado, permitindo a extração de dashboards para que o Ministério da Saúde possa tomar medidas de saúde pública baseadas em dados concretos”, afirma Dr. Pedro.
Além das imagens, os algoritmos irão analisar outros fatores como idade, sexo e sociais pertinentes para o diagnóstico. “Todo o processo é feito de forma muito segura, com preservação dos dados. Somente a equipe médica que está lidando diretamente com o paciente pode acessar suas informações”, reforça o médico.
Após a etapa de validação, que ocorrerá durante o ano de 2022, o projeto começará a ser implementado nas unidades públicas de saúde, em diferentes localidades, avaliando um grande volume de pacientes para buscar dados heterogêneos que representem a realidade do país.
O banco de imagens e os algoritmos oferecem um serviço raramente disponível, não só nos centros de saúde do Brasil, mas de todo o mundo. "Esse projeto está estruturando no país um ambiente de dados e de inteligência artificial para que a gente possa democratizar a saúde, dar acesso e atendimento de excelência para as pessoas independentemente da região do país”, ressalta.
A iniciativa possibilita o acesso ao diagnóstico de qualidade, redução de custo (por evitar a repetição de exames desnecessários) e acompanhamento do paciente em seu tratamento. “O dado será acessado em prol do bem comum. Juntos, esses casos não só serão tratados de forma mais eficaz, mas também irão salvar outras vidas, já que a máquina aprenderá com esses casos sobre como lidar com situações futuras", conclui Dr. Pedro.