Em 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu metas para a eliminação do câncer de colo do útero. Em todo o mundo, mais de 300 mil mulheres morrem anualmente por essa doença, que pode ser evitada e tem grandes chances de cura se diagnosticado de forma precoce.
Por meio da vacinação contra o HPV, rastreio e tratamento de lesões cancerosas e manejo do câncer cervical invasivo, a OMS projeta que 90% das meninas de até 15 anos sejam imunizadas até 2030; que 90% das mulheres com o tumor recebam tratamento; e que a cobertura de triagem com teste de alto desempenho seja de 70%. Na Austrália, estima-se que, nos próximos 20 anos, esse seja o primeiro câncer eliminado em um país.
Mas quando esta será uma realidade também no Brasil? Para avaliar quando o país poderá cumprir essas metas, o Hospital Moinhos de Vento firmou uma parceria com a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer, órgão que integra a OMS. Para realizar as estimativas, serão utilizados dados dos estudos realizados pela instituição via PROADI-SUS sobre o HPV na população brasileira.
"Vamos realizar uma previsão, com base em dados, sobre a erradicação do câncer de colo uterino, tendo assim mais precisão para determinar quando o país alcançará as metas da OMS", explica a médica epidemiologista Eliana Wendland, do Hospital Moinhos de Vento. Ela acrescenta que os dados do país serão utilizados também como modelo para a América Latina. Por fim, o trabalho tem ainda a participação do Instituto Catalão de Oncologia, de Barcelona, Espanha.
Sobre o projeto HPV:
Desde 2015, o Hospital Moinhos de Vento lidera um trabalho epidemiológico nacional sobre o HPV, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), do Ministério da Saúde. A iniciativa busca avaliar o impacto da infecção pelo HPV em três estudos: POP-Brasil, que monitora o impacto da vacinação; o SMESH, que analisa a prevalência de HPV em populações de alto risco e, por fim, o STOP-HPV, no qual avalia a associação da doença com câncer de cabeça e pescoço.
Em 2020, o estudo POP-Brasil mostrou que o HPV atinge igualmente todas as classes sociais no país. Os dados mostram prevalência da infecção em 51% da classe A-B, 53% da classe C e 55% da classe D-E. "Resultados como esses são importantes para o direcionamento de ações em saúde, sendo fundamental que campanhas de prevenção consigam atingir a todas as classes sociais e raças”, ressalta Eliana Wendland, responsável técnica do projeto.
O superintendente de Responsabilidade Social do Hospital Moinhos, Luis Eduardo Mariath, destaca a importância desse trabalho para que o Brasil avance na eliminação do tumor. "Nenhuma outra nação da América Latina tem essa mesma quantidade e qualidade de dados sobre o HPV. Com essa parceria, estamos dando um grande passo para estabelecer os caminhos na direção de cumprir as metas da OMS — e reforçamos o papel do Moinhos de Vento na contribuição de uma saúde melhor para todos, em todo o país", conclui.