O Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), em parceria com o Ministério da Saúde, lançou nesta quarta-feira (29) o Projeto Vulnerabilidades da Gestação Precoce no Brasil: impactos na mãe adolescente e na criança.
O lançamento do projeto foi online e contou com a participação do médico pediatra Tiago Dalcin, líder da equipe e mediador, e das pesquisadoras que integram o time. Houve também uma mesa redonda sobre o tema Gravidez na adolescência, saúde mental e educação em sexualidade, com a médica e professora titular da Obstetrícia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Denise Monteiro; o médico psiquiatra da infância e da adolescência pelo Moinhos de Vento, Thiago Rocha; a psicóloga e especialista em sexualidade e psicologia, Amanda Carvalho e a pedagoga e doutora em ciências da saúde — educação e informática, Carmem Souza.
A iniciativa é conduzida pelo Hospital Moinhos de Vento e avaliará, em cinco regiões do Brasil, 1,2 mil mulheres mães, comparando adolescentes de até 19 anos e adultas entre 20 e 30 anos incompletos, assim como seus filhos. As pacientes serão identificadas em hospitais públicos de referência das cidades de Porto Alegre, Rio De Janeiro, Manaus, São Luís e Campo Grande.
Com esta base, o objetivo é avaliar o perfil biopsicossocial das mães adolescentes em relação a mães adultas, com enfoque maior nos casos de ansiedade e de depressão. Além disso, serão desenvolvidos materiais educacionais nos formatos de vídeos, podcasts e cartilhas sobre educação abrangente em sexualidade visando a conscientização da população.
“A gravidez precoce é uma situação que traz uma série de consequências em virtude da condição em que muitas dessas jovens se encontram: vivem com baixa renda e sofrem com o afastamento da escola e do mundo do trabalho. Estamos reforçando o nosso propósito de cuidar de pessoas. Algo que vai além dos muros de nossa Instituição, beneficiando quem sequer sabe da existência do Moinhos mas, de alguma forma, está sendo assistido pelo que fazemos”, afirma o CEO do Hospital Moinhos de Vento, Mohamed Parrini.
Impacto da gestação precoce
A gravidez na adolescência é um desafio preocupante à saúde pública em todo o mundo e, em especial, no Brasil. Segundo dados preliminares do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos - SINASC, houve em 2020 mais de 380 mil filhos de mães adolescentes (até 19 anos) – faixa etária considerada de alto risco para as gestantes, fetos e recém-nascidos. A ocorrência desses casos impacta diretamente no agravamento de problemáticas sociais, biológicas e psicológicas nas mães, sendo a gravidez na adolescência um grande desafio não só à saúde pública, mas à sociedade como um todo.
Para o médico líder do projeto, o pediatra Tiago Chagas Dalcin, os resultados – que devem ser divulgados no segundo semestre de 2023 – serão de grande valia para o SUS. “O foco da pesquisa é a avaliação do impacto da gestação na saúde da adolescente e no desenvolvimento do seu filho. É uma questão muito complexa que precisa ser mais bem avaliada no Brasil. O impacto de uma gestação em uma adolescente é diferente de uma mulher que teve gravidez na vida adulta”, destacou. Também serão medidos os impactos das gestações do ponto de vista econômico para o SUS. “Os resultados serão valiosos para a saúde, uma vez que servirão de base à formulação de novas políticas públicas, já que a gravidez precoce é acompanhada por diversas mudanças sociais – como o aumento da mortalidade infantil, pobreza e abandono dos estudos”, acrescentou Dalcin.
Assista na íntegra o lançamento https://www.youtube.com/watch?v=vG8Praz0uq4