Projeto do Hospital Moinhos de Vento irá implantar teste desenvolvido na África do Sul para diagnóstico da tuberculose

Projeto do Hospital Moinhos de Vento irá implantar teste desenvolvido na África do Sul para diagnóstico da tuberculose Projeto do Hospital Moinhos de Vento irá implantar teste desenvolvido na África do Sul para diagnóstico da tuberculose Técnica amplia efetividade de exames em crianças e pode reduzir riscos de progressão e transmissão da doença com o subdiagnóstico

A técnica desenvolvida pela pesquisadora sul africana Heather Zar, da Universidade da Cidade do Cabo, já conseguiu ampliar em 22% o número de crianças diagnosticas com tuberculose naquele país. Além de ser mais eficaz na coleta de material, também permitiu avanços na forma de análise. As vantagens: diagnóstico mais rápido, início imediato do tratamento e redução dos riscos de transmissão e de progressão da doença.

“Os exames tradicionais, de cultura, podem levar de 3 a 5 semanas para ficarem prontos. Por meio destes testes de biologia molecular, o resultado sai em um dia. Assim podemos entrar imediatamente com a medicação”, explica Heather. A pesquisadora esteve presente no Seminário PROADI-SUS do Hospital Moinhos de Vento, na quinta-feira (12), e no  lançamento oficial do projeto TB PED - Estudo Epidemiológico sobre a Prevalência Nacional de Agentes Respiratórios em Crianças, nos dias 13 e 14, no Hotel Plaza San Rafael, em Porto Alegre (RS). 

A tuberculose registra cerca de 35 novos casos por 100 mil habitantes a cada ano no Brasil e, junto com outras doenças respiratórias, é objeto de pesquisa do projeto TB PED. O estudo vai testar a técnica sul africana em crianças brasileiras e deve ser implantada na rede pública em todo o país. O projeto é desenvolvido pelo Hospital Moinhos de Vento em parceria com o Ministério da Saúde por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS).

“O ponto principal é que se estima que tenhamos um subdiagnóstico da doença em crianças, que hoje representam 7% dos pacientes brasileiros com tuberculose. Isso porque muitas vezes elas não conseguem tossir espontaneamente nem produzem muita secreção, o que gera material com poucas bactérias. O teste da pesquisadora Heather Zar inicia com nebulização com uma solução rica em sais, o que aumenta a produção de escarro para que se tenha material suficiente para a testagem. Sem contar que a forma de análise permite que tenhamos o resultado em minutos”, explica infectologista pediátrico do Hospital Moinhos de Vento, Marcelo Comerlato Scotta.

Scotta, que é o líder do projeto, acredita que a implantação da técnica vai possibilitar que o SUS tenha a real dimensão da incidência de tuberculose em crianças no Brasil. A partir da busca ativa de pacientes, o estudo também identifica os fatores de risco associados à tuberculose, avalia a acurácia de métodos diagnósticos, identifica patógenos associados e produz materiais educativos.

A pesquisa envolve 31 profissionais, sob a coordenação técnica do pneumologista pediátrico Renato Tetelbom Stein. Ele explica que estão sendo coletadas informações de mais de 1.100 crianças com idades entre 12 meses e 15 anos, tanto internadas como que receberem atendimento ambulatorial com suspeita da doença.


Assine a Newsletter