Projeto monitorou mais de 6 mil pacientes com suspeita de Sepse e tratou cerca de 4 mil

Projeto monitorou mais de 6 mil pacientes com suspeita de Sepse e tratou cerca de 4 mil Projeto monitorou mais de 6 mil pacientes com suspeita de Sepse e tratou cerca de 4 mil

Iniciativa do PROADI-SUS, em parceria com o Ministério da Saúde, atua em 49 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) localizadas em 18 estados e no Distrito Federal

A sepse, também conhecida como infecção generalizada, é um conjunto de manifestações graves em todo o organismo produzidas por uma infecção1 que mata 11 milhões de pessoas por ano no mundo, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde - no Brasil, esse número chega a 240 mil mortes2. Diante desse cenário, o Projeto Sepse monitorou 6 mil pacientes com suspeita de Sepse e cerca de 4,5 foram tratados desde 2019 – desse total, foram contabilizados 5.829 pacientes com suspeita e 2.782 tratados somente no período de abril de 2021 a abril de 2022. A iniciativa é realizada por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), do Ministério da Saúde, e conduzido pelo Hospital Sírio-Libanês.

O projeto está presente em localidades periféricas e acessível à comunidades carentes, onde o vazio assistencial é maior – um estudo realizado pelo Instituto Latino Americano para Estudos da Sepse (ILAS) em 74 hospitais de todo o país mostrou que a taxa de mortalidade nos prontos-socorros públicos é mais do que o dobro da registrada nos privados (42,2% contra 17,7%). Nesse contexto, os líderes da iniciativa, Marco Antônio Saavedra Bravo e Carina Tischler, contam que, além de ações que promovem a assepsia hospitalar, o principal fator que explica essa diferença é a demora do diagnóstico. “O protocolo implementado pelo projeto nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) participantes recomenda administrar o antimicrobiano imediatamente, logo na primeira hora que os sintomas começam a aparecer. Quanto mais precoce o início do antibiótico, melhores são os desfechos”, afirma Carina. 

A Aline Aparecida Bianchi Cavichioli, enfermeira do setor de Controle de Infecção Hospitalar na UPA Farid Seror (MT), afirma que ficou muito satisfeita com a implantação do protocolo Sepse na nossa unidade por ser uma UPA de porte 1. “Vivenciar essa experiência foi algo desafiador: tivemos  um paciente de 84 anos, sequelado de AVC (Acidente Vascular Cerebral) e com diagnóstico severo de Sepse, extremamente debilitado, e, após receber o atendimento conforme o protocolo, tivemos um resultado extremamente exitoso, pois o paciente recebeu alta em 7 dias. Como resultado na redução da mortalidade, a Unidade propôs uma minuta de lei à Câmara Municipal de vereadores do município de Várzea Grande (MT), na intenção de instituir o protocolo da Sepse no em todas as Unidades de Saúde da região”.

A iniciativa atua desde 2019, visando a criação e implementação de ferramentas para a identificação e fluxo de priorização de atendimento, bem como o tratamento precoce dos pacientes diagnosticados com a doença. Isso ocorre por meio da capacitação das equipes de 45 UPAs, localizadas em 18 estados e no Distrito Federal, com relação a conceitos e ferramentas de gestão da qualidade, segurança do paciente e metas internacionais.

Como o projeto funciona:

Iniciado em abril de 2021, o novo triênio capacitará profissionais de 90 UPAs, sendo 13 de continuidade, divididas em dois ciclos com duração de 18 meses cada. "A capacitação ocorrerá quanto aos quatro Rs: reconhecer, ressuscitar, reavaliar e referenciar, princípios que contemplam o atendimento ao paciente em suspeita de sepse, além de conceitos e ferramentas da qualidade e do método utilizado. Utilizamos, entre outras ações, a ‘estratégia semáforo’, que tem por objetivo trabalhar as equipes de acordo com seu grau de desenvolvimento e maturidade nas atividades propostas. No grupo vermelho, as equipes irão desenvolver, através de testes em pequena escala, a etapa do reconhecimento; no amarelo, as etapas de ressuscitação e reavaliação; enquanto, no verde, a etapa de referenciamento", explica Saavedra Bravo.

As demais estratégias de capacitação irão contar com encontros como a Sessão de Aprendizagem Presencial (SAP), Sessão de Interação Virtual (SIV) e Sessão de Aprendizagem Virtual (SAV), podendo ser individuais ou em grupos; visitas presenciais e virtuais; relatório mensal e monitoramento das atividades; coleta de dados e indicadores; interações e discussões pertinentes para as equipes por contato telefônico, grupos de WhatsApp e e-mail diariamente; e confecção e disponibilização de material de apoio.

No triênio passado (2018-2020), foram mais de 1,5 mil profissionais capacitados, mais de 4 mil pacientes reconhecidos com risco de sepse e 1.405 foram tratados de forma precoce. Com atuação em 35 unidades participantes, 77% delas alcançaram o resultado pactuado na alteração de plano de trabalho, conseguindo adotar o reconhecimento da suspeita do quadro em sua totalidade e priorizando o processo a partir da classificação de risco.

 

Referências:

  1. O que é Sepse | Instituto Latino Americano de Sepse (ILAS)
  2. Sepse: a maior causa de morte nas UTIs | Fiocruz


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