Sinergia para fortalecer o Brasil

Sinergia para fortalecer o Brasil Sinergia para fortalecer o Brasil

Mohamed Parrini*

 

A transformação de algumas das grandes potências mundiais no último século passou pela colaboração entre o setor público e o privado. Universidades como Stanford e Berkeley, no Vale do Silício, e a Johns Hopkins, em Washington DC e Maryland, nos EUA, assim como Oxford e Cambridge, no Reino Unido, são exemplos de ecossistemas mistos que, ao unirem a excelência entre ensino e pesquisa, tornaram-se corresponsáveis pelo desenvolvimento econômico, social e tecnológico dos locais em que estão inseridos. O reflexo disso é o aumento exponencial no desenvolvimento de longo prazo desses países, elevando o nível de produção de conhecimento e de geração de riqueza para a sociedade.

Esse fenômeno também pode ser observado no Brasil, que possui diferentes organizações filantrópicas privadas fundadas pelas diversas comunidades de imigrantes que foram acolhidas em nosso país. Durante o século passado, construíram uma bela história de trabalho, desenvolvimento e educação, fundamentais para o crescimento da nação. Entre esses exemplos, podemos citar os hospitais Albert Einstein, HCor, Moinhos de Vento, Oswaldo Cruz e Sírio Libanês – que unem o desenvolvimento em pesquisa, ciência e novas tecnologias para construção de pilares essenciais de uma sociedade mais próspera.

Essas cinco instituições participam do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), criado há pouco mais de dez anos para qualificar e fortalecer o SUS em todo o território nacional. Os hospitais aplicam a integralidade das imunidades fiscais devidas, aportando, além de recursos financeiros, expertise e conhecimento de ponta por meio de projetos estratégicos de transformação científica e social.

Aliar recursos financeiros e intelectuais para promover as transformações estratégicas necessárias à saúde pública no Brasil é um dos pilares do programa. Por meio de iniciativas de avaliação de novas tecnologias, pesquisas de novos medicamentos, programas de educação avançada, programas de gestão e serviços de assistência médica, estas instituições levam know-how, metodologia e melhores práticas já empregadas em outros cenários de sucesso.

Sobretudo no setor da saúde, a filantropia deve ser melhor compreendida, aprimorada e também estimulada, considerando a importância de todas as instituições prestadoras de serviços assistenciais ao Sistema Único de Saúde e também das que participam do PROADI. Os hospitais ligados ao programa elevam continuamente o nível da medicina e da assistência no país, gerando, a partir de seu crescimento e empreendedorismo, mais recursos e contrapartidas a serem aplicadas na saúde pública brasileira.

Neste momento de pandemia da COVID-19, nosso sistema de saúde confirmou toda sua relevância e essencialidade, mediante um SUS integrado e capilarizado nacionalmente, quando conectado às instituições filantrópicas. E foi também neste momento que o PROADI-SUS reforçou seu papel na contribuição estratégica de apoio ao Ministério da Saúde, através de diversos projetos atualmente em andamento. O uso da telemedicina é um dos exemplos práticos disso: os hospitais membros ajudaram a reduzir em 20% a mortalidade e em 50% o tempo de internação em UTIs públicas atendidas pelo projeto Tele-UTI.

Ao priorizar temas como desenvolvimento da ciência, fortalecimento da atenção básica, estudos epidemiológicos, educação profissional, inovação tecnológica e programas de gestão, é possível melhorarmos nossas ineficiências, trabalhando de forma mais colaborativa e com menos preconceitos, almejando uma saúde universal, integrada e eficiente. Além da conexão entre dois sistemas de saúde, esse formato pode trazer contribuições estratégicas inclusive a outras áreas prioritárias – como educação, ciência e tecnologia.

O Brasil requer um planejamento de transformação focado no médio e longo prazo, onde as corporações exerçam suas demandas para além dos interesses de suas próprias categorias. Hoje, não é mais possível pensarmos apenas no país que desejamos para os nossos filhos: temos a obrigação de construirmos programas e instrumentos que modifiquem a sociedade que deixaremos para os nossos netos e bisnetos. As futuras gerações dependerão cada vez mais da sociedade civil, de instituições fortes e de sistemas colaborativos - e o PROADI serve de inspiração para este futuro.

 

*Mohamed Parrini é CEO do Hospital Moinhos de Vento, instituição integrante do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS).



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