Estudo Epidemiológico sobre a Prevalência Nacional de Agentes Respiratórios em Crianças e Adolescentes

As infecções do trato respiratório inferior (ITRI) estão entre as principais causas de morte no mundo, representando 488,9 milhões de novos casos em 2019 com mais de 2,4 milhões de óbitos. As ITRI respondem por um número significativo de mortes em crianças menores de 5 anos e de idosos acima dos 65 anos. As pneumonias foram responsáveis por até 800 mil mortes no mundo em crianças menores de 5 anos de idade por ano. Estudos têm demonstrado que a pneumonia em adultos está mais ligada a infecções virais. Além desses agentes etiológicos, tem gerado preocupação crescente a importante morbidade associada à TB, com mais de 10,6 milhões de novos casos em 2022, em nível global. A TB persiste sendo um grande problema de saúde pública no Brasil e no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2022 a TB foi a segunda causa de morte de agente infeccioso único, após o coronavírus. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 25% da população mundial esteja infectada com Mycobacterium tuberculosis (ILTB).

Os dados estimam ainda grande impacto na saúde:

• O Brasil está entre os 30 países com maior incidência de TB;
• No Brasil, a incidência de novos casos de tuberculose foi de 37 casos novos por 100 mil habitantes em 2023;
• A TB em crianças de até 15 anos representou 3,6% (3.409) do total de casos novos em 2023 no Brasil;
• Da população com ILTB ,  aproximadamente 10% evolui para TB ativa ao longo da vida;
• Da população com ILTB indicada para tratamento, 30% inicia e apenas  18% finaliza;
• A população pediátrica apresenta maior chance de progressão de ILTB para as formas ativas, maior incidência de formas extrapulmonares graves e possibilidade de servirem de reservatório a longo prazo para a doença.

Diante do cenário, o projeto TB PED prevê a realização de dois estudos em crianças e adolescentes. O estudo TB PED, tem foco na tuberculose ativa, o qual tem como objetivo principal identificar a prevalência de tuberculose ativa em menores de 15 anos hospitalizadas com sintomas de ITRI. O estudo GXT, o foco é na identificação de contatos de pacientes com a doença ativa, podendo serem identificados com a doença ativa ou na forma de ILTB e tem como objetivo identificar entre três estratégias para investigação de contatos domiciliares, qual delas apresenta melhor resultado na proporção de contatos que iniciam tratamento para ILTB.

Outra atividade prevista no projeto é a capacitação de profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) que atuam no atendimento da TB, em Unidades Básicas e/ou de referência, por meio de atividades de educação. O curso é disponibilizado no formato EAD e aborda temas como o diagnóstico, tratamento e vigilância da ILTB.

Ambos os estudos, juntamente com a capacitação profissional, buscam melhorar o controle da tuberculose no Brasil e fornecer dados para traçar políticas públicas e estratégias de saúde. Esta abordagem integrada visa enfrentar os desafios que as doenças respiratórias infecciosas significam, promovendo a equidade e o acesso universal aos serviços de saúde.

Para o SUS, são muitos os benefícios que o projeto trará, dentre eles:

• A utilização do escarro induzido em amostras pediátricas pode contribuir para aumento da acurácia em testes rápidos moleculares levando ao aumento do diagnóstico com confirmação microbiológica;
• Melhorar as estratégias de rastreamento, diagnóstico e intervenção precoce de TB ativa e ILTB em crianças e adolescentes;
• Aprimorar o conhecimento sobre a epidemiologia nacional de agentes respiratórios em crianças e adolescentes, incluindo a prevalência de TB ativa e ILTB nesta população;
• Avaliar a eficácia de estratégias simplificadas de investigação de contatos de TB ativa. Com isso, ajudará a aumentar o percentual de indivíduos que iniciam tratamento de ILTB e reduzir custos em saúde pública;
• Disseminar conhecimento sobre o manejo clínico de ILTB, o que melhora a prevenção da progressão de ILTB para TB ativa e interromper a cadeia de transmissão;
• Utilizar os dados produzidos para serem apresentados em reuniões do Comitê Interministerial para a Eliminação da Tuberculose e de Outras Doenças Determinadas Socialmente (CIEDS) para propor ações, como avaliação de rotinas assistenciais e mudança de padrão de cuidado de pacientes pediátricos no que tange maior oferta de diagnóstico de TB nesta população hospitalizada.