O projeto Telescope Trial, iniciativa de pesquisa conduzida pelo Hospital Israelita Albert Einstein por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), concluiu no mês de junho o acompanhamento de 15 mil pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) em 30 hospitais públicos de todo o país. Atualmente, as equipes trabalham na análise dos dados coletados e a previsão é finalizar o estudo nos próximos meses.
A iniciativa surge com o propósito de levar atendimento médico especializado para todas as regiões do Brasil, uma vez que a quantidade de médicos intensivistas é insuficiente e concentrada nas grandes cidades. A demanda por cuidados a pacientes graves – que já estava em crescimento com o envelhecimento da população – aumentou ainda mais com a pandemia da COVID-19, tornando necessário aumentar os serviços do SUS que atendem esses casos.
Com o objetivo de melhorar o cuidado nas UTIs do SUS, o projeto fornece auxílio de profissionais do Hospital Israelita Albert Einstein a UTIs de hospitais públicos e filantrópicos, via telemedicina, nas cinco regiões do país. Ao todo, 30 hospitais foram acompanhados por cerca de 18 meses, sendo que 15 destes receberam diariamente a visita remota de um médico intensivista e acompanhamento periódico de indicadores de qualidade e segurança, enquanto os demais mantiveram sua rotina habitual.
Adriano Pereira, líder do projeto Telescope Trial e médico intensivista do Hospital Israelita Albert Einstein, afirma que as unidades atendidas foram definidas de forma “a representar, de fato, a realidade das UTIs no Brasil”, já que essas, anteriormente, não contavam com rounds diários com um médico intensivista. Ao final do estudo serão definidos quais os impactos da presença do profissional remoto no tratamento dos pacientes graves.
A próxima etapa, ainda, prevê a comparação dos indicadores de desempenhos de cada grupo, em especial a taxa de mortalidade e tempo médio de permanência nas unidades, bem como outros desfechos secundários.
“Caso o resultado das UTI acompanhadas por Telemedicina seja positivo, o estudo poderá provocar uma nova discussão sobre as formas alternativas de atuação dos médicos intensivistas, além de corroborar para o uso da telemedicina, a fim de diminuir os vazios assistenciais que existem no Brasil”, afirma Adriano.
A expectativa é que as UTI contempladas prossigam com a cultura de cuidados desenvolvida durante o estudo. “É possível que esse acompanhamento melhore o desfecho dos pacientes internados. Além disso, tem também os impactos financeiros e o desempenho da UTI de forma geral. Portanto, esperamos que as UTI que receberam intervenção tenham adquirido a cultura de qualidade e segurança transmitidas nas visitas via Telemedicina, diariamente”, ressalta Maura Cristina dos Santos, enfermeira sênior e coinvestigadora do Einstein.
Em junho de 2021, o projeto obteve um importante reconhecimento com a publicação do protocolo de pesquisa no BMJ Open, conceituado periódico acadêmico britânico. A publicação pode ser acessada neste link.