Pesquisadores acreditam que intervenções contínuas podem diminuir o número de reinternações no SUS
Cerca de 50% das pessoas que sofrem com insuficiência cardíaca voltam a ser internadas até seis meses depois de terem tido alta hospitalar, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). No sistema de saúde público brasileiro, por ano, mais de 230 mil hospitalizações são realizadas em decorrência da condição. Na população idosa, essa chega a ser a principal causa de internações. O projeto Coração Bem Cuidado busca avaliar a eficiência do telemonitoramento em pacientes que tiveram alta hospitalar recente no Sistema Único de Saúde (SUS).
A pesquisa - realizada pelo Hospital Moinhos de Vento e HCor por meio do PROADI-SUS - está avaliando 700 pessoas com insuficiência cardíaca pós-alta hospitalar, em 12 estados brasileiros. Para isso, cada paciente recebe uma balança e um aparelho de medir a pressão. Diariamente, um SMS é enviado ao celular dos integrantes com solicitações de peso e pressão arterial. As mensagens de retorno não são cobradas do paciente. Ao constatar qualquer alteração, o sistema de telemonitoramento dispara um alarme ao profissional da saúde, alocado em uma central, que imediatamente entra em contato para orientações.
Além disso, o sistema envia informações de autocuidado, educação e dicas aos pacientes. “Com esse acompanhamento, o paciente passa a compreender melhor o seu corpo, a desenvolver um sistema de cuidados com a sua alimentação e ingestão dos medicamentos, enfim, ele passa a estar mais engajado com o tratamento”, explica a líder do projeto, Mariana Blacher.
A sensação que a dona de casa Maria Isabel Machado, 67 anos, tem é de um cuidado personalizado. “A pessoa doente precisa de uma assistência constante do hospital. Agora essa programação está fazendo a diferença na vida da gente”, comemora.
Todos os integrantes do estudo receberão monitoramento ao longo de 12 meses, período em que serão avaliados os desfechos laboratoriais e clínicos e as reinternações hospitalares nesta população. O projeto também irá avaliar a possibilidade de implementação do sistema em todos os hospitais do SUS. Os pesquisadores acreditam que, com o monitoramento e as intervenções no momento certo, as reinternações devem diminuir e a qualidade de vida dos pacientes com insuficiência cardíaca melhorar.
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